A escritora e ativista Djamila Ribeiro usou seu Instagram para se posicionar sobre a festa de aniversário de 50 anos, de Donata Mereilles, diretora de estilo da versão brasileira da revista Vogue, que entre outras coisas, usou mulheres negras vestidas de mucamas como parte da decoração e enfureceu a comunidade negra.
“Essa festa tratou pessoas negras de maneira muito desrespeitosa, remetendo a uma herança colonial. O que me incomoda em tudo isso é a conivência. As pessoas que lá estavam agem como se nada tivesse acontecido”, disse Djamila.
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“Se a gente chega num lugar desse, onde meus antepassados foram torturados, e as pessoas insistem em romantizar isso como se fosse algo banal e a gente não fala nada, a gente está compactuando, não tem desculpas. Eu prezo pena honestidade intelectual. Eu sou ativista e tenho uma história e chamar vou compactuar com uma coisa dessas”, completou.
A filósofa não isentou os convidados da responsabilidade do carácter ofensivo da festa. “Além da dona da festa, eu acho que as pessoas que estavam lá também devem ser responsabilizadas, sobretudo as que se dizem anti-racista. Passou da hora da branquitude pensar e se repensar. Não dá para compor com o pacto narcísico da branquitude. É muito violento. O que aconteceu não foi meramente uma festa. É o reforço de uma estrutura colonial. Então pessoas que se dizem aliadas, não podem de forma alguma, compactuar com uma violência como essa. É inadmissível”, contesta Ribeiro.
“Eu já saí de lugares onde vi essas coisas acontecerem. Já fui boicotada porque eu não negocio a minha humanidade e dos meus. As vezes não conseguimos financiamentos para nossos projetos porque não compactuamos com uma série de coisas. Não podemos vender nossa militância em troca de migalhas. Passou a hora de pessoas negras pararem de usar nossa militância para compactuar com coisas escusas que a gente não acredita”, finalizou a escritora.
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