Dicas preciosas de economia doméstica para comunidade negra em tempos de crise

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Dicas preciosas de economia doméstica para comunidade negra em tempos de crise
Bia Santos - Crédito Reprodução)

A comunidade negra é a base da pirâmide econômica brasileira, mas é a primeira a sofrer com as consequências financeiras oriundas em tempos críticos como agora, onde o coronavírus reflete globalmente no bolso das pessoas.

Conversei com Bia Santos, CEO da Barkus Educacional, empresa voltada para a democratização do conhecimento sobre economia. Nessa entrevista ela dará dicas práticas para que pessoas com menor poder aquisitivo não se sintam inseguras, caso não possam fazer estoques de alimentos, como a elite tem feito, além de saber como não aumentar suas dívidas em momentos como esse.

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Mundo Negro – Você acha que os preços já estão sendo impactados pela crise da gripe?

Bia Santos: Sim, principalmente de máscaras e de produtos de higiene, como o álcool em gel. Os preços dos alimentos ainda não aumentaram significativamente por conta da gripe (até hoje, dia 14/03). Com a medida de quarentena pelos próximos 15 dias em alguns estados brasileiros e as campanhas de prevenção, a tendência é diminuir o surto de contágio e estabilizar a crise. Por isso, é importante seguir à risca as indicações do Ministério de Saúde. É momento de preocupação moderada, sem alardes.

É recomendado comprar e estocar alimentos?

O grande problema em comprar e estocar alimentos e produtos para a casa, em geral, é que, com a diminuição da capacidade de produção da Indústria, a tendência é que esses alimentos e produtos aumentem de preço e/ou faltem no mercado. Para aqueles que têm possibilidade financeira de comprar em grandes quantidades ou a preços mais caros, isso funcionará bem, o problema é que boa parte da população não tem essa condição. Mesmo em momento de histeria, é preciso pensar no coletivo. Grandes estoques ou compras exageradas são ruins para todos. Recomendo comprar os alimentos necessários, inicialmente, para o mês, como normalmente já é feito.

Para quem não tem grana para fazer compras grandes, qual seria a sua sugestão?

Não faça. Mantenha seu ritmo de compras semanal, quinzenal ou mensal, dependendo das suas condições. É importante acompanhar os meios de comunicação confiáveis que trazem informações reais e atualizadas sobre o coronavírus no Brasil. Muito cuidado com informações compartilhadas em redes sociais, especialmente no Whatsapp, onde fake news são veiculadas muito fortemente. Isso pode causar uma histeria coletiva e prejudicar muito mais do que ajudar.

Pegar empréstimo para compras de mantimentos seria uma boa opção?

Não. Empréstimo deve ser a última opção para compras de mantimentos. Como o estado de quarentena tem previsão para durar entre 15 e 30 dias, é importante seguir algumas dicas: 1) caso possível, diminua gastos com supérfluos e compre apenas o necessário, 2) priorize as contas básicas, como água, luz, gás e telefone, 3) em caso de falta de grana, use o cartão de crédito para as compras emergenciais e de itens básicos. Uma super dica: em caso de dívidas e problemas com pagamento, contraia dívidas “mais baratas” para pagar as “mais caras”, ou seja, pegar empréstimos com taxa de juros menores para quitar os empréstimos com taxa de juros maiores. É uma alternativa para ganhar mais tempo para pagar as contas.

Bia finaliza com conceitos muito importantes sobre espírito comunitário:

Para os negros, nas mais diversas situações econômicas, é importante relembrar o que nos une como povo.

De um ponto de vista afroperspectivo, consigo citar três dos sete princípios éticos (Nguzo Saba), que nos faz refletir e ajuda em momentos de crise: Umoja: fazemos parte de uma comunidade e devemos nos dedicar por e para ela; Ujima, devemos construir e nos unir a comunidade, ajudando a solucionar o problema dos outros como se fossem os nossos; e Ujamaa, os recursos podem e devem ser compartilhados, na construção de uma economia cooperativa. Em momentos como esse, de crise e insegurança, o olhar para nós, negros, precisa ser de compartilhamento e união, ou seja, ajudar aos nossos quando possível e pedir ajuda se necessário.

Existem diversos trabalhadores que não podem ficar de quarentena, por exemplo, porque trabalham em locais de atendimento ao público, produção, entregas, etc. Eles estão muito mais suscetíveis ao contágio. Pior ainda é a situação para os trabalhadores informais, que precisam sair de casa para vender seus produtos ou prestar serviços. É momento de apoio. O pensamento precisa ser coletivo.

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