Nesse último domingo (17), a cantora Bia Ferreira gravou um desabafo em seu Instagram explicando o motivo de recusar a ajudar instituições de caridades e vakinhas online durante esse tempo de pandemia. A artista informou que não tem condições para manter-se ou para manter o seu trabalho, e que as pessoas devem olhar para arte em seu formato original e esquecer a ideia de que artista é consequentemente rico.
“Meu trabalho nunca teve um reconhecimento financeiro satisfatório. Você já pensou se essa artista aqui tem o que comer? Eu não tenho dinheiro para ajudar ou para comprar comida. Artista vive de arte. A gente tem que ser mais humano e perguntar se o outro tá comendo, tem saúde mental, tem como fazer o trabalho.” Explicou a cantora, relatando que já trabalhou muito para ter um pouco de reconhecimento na arte e ainda está batalhando por isso. Sendo artista de rua, preta, lésbica e periférica com falas sobre política e problemas sociais, torna-se mais difícil ter quem patrocine suas músicas, segundo a mesma.
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Bia Ferreira fala, no vídeo, sobre a dificuldade de ter seu trabalho reconhecido e pago, já que a maioria das pessoas consideram que artistas devem demostrar seus serviços apenas pelo apoio à causa e voluntariado, mas esquecem do quanto à arte faz-se necessário para a sobrevivência de quem a faz. Diante de uma sociedade capitalista, onde o maior representante social é o dinheiro, Bia exclama “Parem de me pedir doação. Parem de me pedir shows de graça. Paguem os cachês que me devem. Eu quero começar a ser paga.”
Com um modo poético e sensível diante dos problemas sociais, Bia continua acreditando no poder da sua arte e demostra toda sua indignação e talento nas frases cantadas, como as músicas “Cota não é esmola” e “Não precisa ser Amélia”. A artista canta problemas vividos pelas pessoas mais esquecidas da sociedade.
Com mais de dez milhões de acessos no vídeo “Cota não é esmola”, Bia explica que não recebeu nenhum dinheiro pelos direitos autorais do vídeo e mostra, ainda, para os seus seguidores e admiradores do seu trabalho o poder que eles têm de mudar sua situação. Sem a contribuição, patrocínio ou contrato de grandes empresas, a compositora clama pelo seu público e pede para que façam uma reflexão “As pessoas devem acreditar na mudança que elas podem fazer apoiando artistas e não famosos. Quero ser respeitada no lugar de artista, quero ser paga pela minha arte. Como eu vou produzir arte? Eu não tenho como lançar música, não tenho como produzir música. Não tenho.”
Assista o vídeo:
Conheça e apoie Bia Ferreira
Compositora, cantora e multi-instrumentista, Bia recebeu audiência nacional em 2018, após a sua música “Cota não é esmola” espalhar-se na internet. Com letras didáticas, suas composições tratam de questões raciais e sociais. A cantora fala em “libertar mentes” com suas letras e questionamentos no mundo da música.
Nascida em Minas Gerais e criada em Sergipe, se viu artista de rua para poder ter o que comer, cantando em diversos pontos e em portas de shows. Transformou sua arte em política e apelo social para um olhar mais humano diante das desigualdades diárias para o povo preto e pobre. Concorreu, em 2018, ao prêmio “Cantora Revelação” no Women Music Events e teve suas composições citadas em provas de vestibulares como a Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Bia é uma artista que enfatiza o racismo estrutural e sua desigualdade, com letras que reforçam a dificuldade de nascer “preta e pobre dentro da comunidade”. Demonstra em suas composições o quanto as pessoas com menos condições financeiras e estruturação social são prejudicadas diante de uma sociedade racista e excludente.
Para ajudar Bia Ferreira, além de ouvir e pagar pela sua arte, você pode contribuir em:
Itaú
Agência: 0310
Conta Corrente: 49992-6
CPF: 41432105841
Picpay: picpay.me/igrejalesbiteriana
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