Será que as questões levadas por pacientes para os consultórios de psicologia e psicanálise têm correlação com as experiências de raça, gênero e classe social dos pacientes? O Espaço Ori, criado por quatro psicólogas e psicanalistas negras de Brasília, acredita que sim. Por isso, está oferecendo o curso Racismo, Capitalismo e Psicanálise voltado a profissionais da área.
“É uma tentativa de construir uma psicanálise que consiga dialogar com os aspectos sociais e políticos. Existe um debate corrente sobre a necessidade ou não de estabelecer pontes sólidas entre o sujeito da psicanálise e o sujeito como é conhecido nas ciências sociais. Nós nos posicionamos nisso afirmando esta necessidade, que tem aparecido como falta ou carência de gramática entre profissionais que escutam experiências racializadas na clínica”, explica Bianca Campos, que vai ministrar o curso, ao lado de Flávia Oliveira.
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Bianca é psicanalista, psicóloga e pesquisadora de relações raciais na clínica. Flávia é psicóloga, mestre em psicologia clínica e cultura pela Universidade de Brasília, com foco em saúde mental e trabalho, raça e gênero.
PÚBLICO-ALVO — Pode se inscrever no curso qualquer profissional interessado na temática. “Convidamos pessoas que estudem, trabalhem ou se interessem de alguma forma pela psicanálise como ferramenta de compreensão desses complexos que são o racismo e o capitalismo. Existem leituras múltiplas sobre estes temas e aqui a ideia é produzir um olhar pro fenômeno a partir dessas lentes”, explica Flávia Oliveira.
O curso é dividido em três módulos ofertados em encontros semanais com duração de duas horas às quintas-feiras de 19h às 21h, iniciando na primeira semana de junho. A cada cinco pessoas inscritas, vai ser oferecida uma inscrição gratuita, para quem informar a necessidade no ato da inscrição.
ESPAÇO ORI — Ori significa cabeça no idioma yorubá. Mas se refere não apenas à cabeça física, como também aos aspectos emocionais e espirituais da consciência. Em Brasília, é um espaço criado a partir das potências de mulheres negras que entendem este lugar como espaço simbólico de acolhimento, trocas, afeto e revolução.
“Somos um consultório no meio da capital do Brasil, um lugar muito indigesto para a população negra e periférica do Distrito Federal, mas esperamos que nossa presença ativa ajude a humanizar este espaço. Somos um espaço de atendimento e formação conjunta entre nós profissionais e a partir desse encontro, desejamos ampliar a rede de profissionais da psicologia e psicanálise que pensam relações raciais em suas práticas”, explica Tayane Nunes.
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