Texto: Kelly baptista
Especialistas apontam que atualmente mais de 330 mil crianças brasileiras de 4 e 5 anos, não estão frequentando a pré-escola como deveriam. De acordo com o Relatório divulgado na última terça-feira (31), pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em parceria com o Unicef e a União dos Dirigentes Municipais de Educação, a frequência escolar se distribui de maneira desigual no país. No Nordeste, 96,7% das crianças estão na pré-escola; no Sudeste, 95%; no Sul, 93,6%; no Centro-Oeste, 89,2% e, no Norte, 88,5%.
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Para Bianca Dantas, professora e responsável pelos conteúdos da plataforma e do chatbot AprendiZAP, a fase da primeira infância é fundamental para o desenvolvimento da criança. É neste momento que ela é estimulada a desenvolver suas habilidades e a sua sociabilidade, aprendendo a ter responsabilidade sobre si, sua comunidade, e sua relação com o meio ambiente. “Negligenciar o acesso à educação nos primeiros anos impede que os estudantes cheguem mais preparados para o Ensino Fundamental (a partir dos 6 anos), podendo interferir no seu processo de alfabetização e por consequência na sua permanência na escola. Quanto antes inserimos as crianças no ambiente escolar, maiores são as chances delas permanecerem e de combatermos a evasão”, afirma a professora.
Raça e renda
A pesquisa também aponta que crianças pretas, pardas e indígenas são as que possuem menos acesso à educação, 91,9% delas estavam na pré-escola, contra 93,5% das crianças brancas e amarelas. Além disso, foi visto que a condição da mãe é outro ponto determinante: entre as mães com ensino fundamental, 95,3% dos filhos frequentaram a pré-escola, esse número cai para 91,1% quando a mãe possui o ensino fundamental incompleto.
Em relação à renda das famílias das crianças fora da pré-escola no Brasil, enquanto a taxa de frequência das crianças em situação de pobreza era de 92% em 2019, a de crianças que não estavam nesta situação era de 94,8%. Ao analisar os dados por regiões brasileiras, Sul e Norte se destacam negativamente, com as maiores desigualdades na frequência escolar, com uma diferença de 8,8% e 8,2%, respectivamente.
“Crianças pretas e pobres são, historicamente, mais vulnerabilizadas no Brasil e essa desigualdade no acesso à educação infantil privilegia alguns grupos em detrimento de outros, afinal as crianças pretas e pobres que não frequentam a pré-escola têm menos acesso a estímulos, interações, alimentação e segurança. Isso pode comprometer o desenvolvimento, impactar a progressão e a transição para as etapas de ensino sequentes, além de reproduzir desigualdades que atrasam o nosso país”, explica Maíra Souza, Oficial de Primeira Infância do UNICEF no Brasil.
Estratégias de atuação
O cenário precisa ser mudado e avaliado urgentemente, precisamos estruturar ações concretas como sociedade e governo para reduzir a evasão escolar, sabemos que a Educação Infantil é ofertada, prioritariamente, nas redes municipais de ensino, sendo assim capacitar gestores municipais é primordial:
- Planejar e acompanhar a expansão de vagas, observando que os grupos minorizados precisam de mais atenção para não evadirem;
- Identificar e localizar as crianças que não estão matriculadas na pré-escola, utilizando estratégias como a Busca Ativa Escolar;
- Ter estratégias de atuação com os cuidadores atentando-os para a importância;
- Articular ações intersetoriais, integrando saúde, assistência social e educação para a promoção do direito à pré-escola às crianças;
Segundo o novo ministro da educação, Camilo Santana, a educação brasileira foi tratada como ‘subproduto’, “apenas uma em cada três crianças é alfabetizada na idade certa neste País, ou seja: a maioria é analfabeta dentro da própria escola, o que provoca graves repercussões na sequência da vida dessas crianças”.
*Kelly Baptista Gestora Pública, diretora executiva da Fundação 1Bi, mentora, membro da Rede de Líderes Fundação Lemann e Conselheira Fiscal do Instituto Djeanne Firmino.
Fonte de auxílio do conteúdo: G1 | Diário do Litoral
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