Os EUA são o país com o maior crescimento no número de casos de coronavírus, sendo apontado como o próximo epicentro mundial da doença que parou o planeta. Até o momento, foram mais de 10 mil mortes.
Pessoas que não podem aderir ao isolamento por conta do tipo de emprego ou que pelo perfil físico e de origem são submetidas ao um atendimento de melhor qualidade, são as maiores vítimas da Covid-10 em território americano. Estamos falando de população afro-americana ( que tem um número de mortes por conta do vírus, muito maior do que dos brancos em vários Estados de acordo com uma reportagem do NY Times) e latina, grupo onde o Brasil se encaixa.
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Kilomba Colletive é o primeiro coletivo de mulheres negras brasileiras nos Estados Unidos. Ele tem desenvolvido uma série de ações para dar apoio à comunidade brasileira que vem sendo impactada pelo Covid-19. O coletivo cobre de forma direta a região de Nova York e Nova Jersey, com foco em pessoas negras e pobres.
Fernanda Dias, co-fundadora do coletivo Kilomba, e doutoranda no Programa de Antropologia e Educação da Teachers College, Columbia University dá uma panorama sobre a situação dos brasileiros residentes nos EUA.
“Não existem números exatos sobre a população brasileira em geral nos Estados Unidos. O trabalho com população brasileira aqui é muito baseado em estimativas, especialmente pelo alto índice de pessoas indocumentadas. Com relação aos brasileiros na região de Nova York, pode-se dizer que a cidade de Nova York abriga a maior concentração populacional de brasileiros nos Estados Unidos. As maiores concentrações por estado estão na Florida e Massachusetts, sendo a cidade de Nova York a maior concentração demográfica”, detalha a doutoranda.
O grau de escolaridade e poder econômico dos brasileiros que imigram para os EUA sofreu um decréscimo nas últimas décadas, de forma que hoje, um grande parte tenha como fonte de renda trabalhos informais.
Fernanda fala sobre essa mudança de perfil. “A partir dos 2000, esse perfil foi mudando, com pessoas com menor nível de escolaridade, como ensino medio completo e pessoas que vinham do interior do país. Esse perfil demográfico também proporcionou uma mudança racial”, explica Fernanda.
O Itamaraty estima há 1,4 milhões de brasileiros morando no pais de Donald Trump e além das motivações políticas, aquecidas durante o período eleitoral, a religião é uma das formas que essa comunidade tem se organizado por lá. Fernanda explica: “As comunidades brasileiras nos Estados Unidos sempre foram muito caracterizadas por organizações via instituições religiosas, o que as diferencia de outras comunidades latinas, que já tem um engajamento cívico por nacionalidade. No caso dos brasileiros, esse engajamento era diferente antes de 2016, onde pesquisas já mostravam que esse engajamento social da população brasileira vinha através da igreja”.
Kilomba fez cartilha para conscientizar a comunidade brasileira
O Kilomba Colletive tem por objetivo promover os direitos humanos da diáspora negra no mundo, fortalecer a solidariedade internacional entre comunidades negras e fortalecer uma contra narrativa sobre Brasil centrada nas perspectivas das pessoas negras periféricas.
“O Kilomba é formado por cinco brasileiras negras de regiões periféricas do Brasil e que residem nos Estados Unidos. Temos por objetivo promover os direitos humanos da diáspora negra no mundo e fortalecer a solidariedade internacional entre comunidades negras, centrando nas perspectivas das pessoas negras periféricas. Nosso coletivo está em contato com os movimentos negros brasileiros para pensar estratégias de apoio durante essa pandemia.”, diz Marry Ferreira,Co-Fundadora do Kilomba Collective,
Entre as ações do Kilomba estão a promoção de uma cartilha com recursos econômicos, holísticos e emocionais, a idealização de uma coalisão de coletivos brasileiros, que criou coletivamente uma campanha de levantamento de recursos econômicos durante a pandemia do Covid-19.
A cartilha pode ser encontrada neste link.
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