Fernanda Cristina Pires da Silva, 46, descobriu o primeiro diagnóstico de câncer de mama quando estava grávida, em 2016. Como paciente paliativa do SUS, se tornou referência na luta contra a doença e ajuda outras mulheres na mesma situação. “Durante esses seis anos de tratamento, compreendi que a pessoa mais interessada pela minha vida sou eu e que devo buscar os meus direitos para que eu tenha o melhor tratamento possível”.
No especial Outubro Rosa, o MUNDO NEGRO entrevistou a professora do ensino público de São Paulo. Ela é casada e mãe de um adolescente de 16 anos. Quando descobriu que estava grávida do segundo filho, em 2016, Silva fez uma mamografia, por ser uma exigência do concurso público que havia realizado. “Na minha primeira consulta de pré-natal peguei o resultado, constava alterações (Birads 5)”. Ou seja, uma lesão com características de malignidade.
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Logo em seguida, Fernanda fez um ultrassom e descobriu que perdeu o bebê com dez semanas de gestação após sofrer um aborto espontâneo. E recebeu o resultado do exame da mastologista, confirmando o câncer de mama. “Naquele momento eu fiquei sem chão, e logo pensei ‘vou morrer, quem vai cuidar do meu filho? (que tinha 10 anos na época) e da minha avó’?”, se questionava.
Encaminhada para o Hospital Pérola Byington, na capital paulista, uma das principais referências em saúde da mulher na América Latina com atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), ela fez entre 2016 e 2017, a mastectomia, o primeiro protocolo de quimioterapia, retirou o ovário para não produzir mais hormônios por prevenção e 25 sessões de radioterapia.
Após quinze dias da primeira quimioterapia, Fernanda notou a grande quantidade na queda de cabelo e sofria muito. “Eu sabia que fazia parte do processo, mas doía na alma. Tanto que são poucas as fotos do início do tratamento, pois eu queria me esconder”. Mas na segunda quimioterapia, começou a aceitar melhor e raspou a cabeça. “Antes do tratamento eu alisava o cabelo e era uma tipo de cuidado. Agora veio a Fernanda de cabelo crespo, que precisou aprender a cuidar dessa nova mulher”.
Mas em setembro de 2019, a doença voltou com metástase no pulmão e a professora se tornou uma paciente de câncer de mama metastático. “Chorei por dois dias seguidos e não conseguia comer. Até que pensei: ‘O que estou fazendo deitada e chorando neste sofá? Pois estou viva e continuarei o meu tratamento. Quantas mulheres queriam ter acesso ao tratamento e não tem'”, refletiu e saiu para comemorar o aniversário de casamento antecipado por não saber como seria a reação na nova medicação.
Esta etapa foi concluída em quatro meses. Em novembro de 2021, ela descobriu a metástase óssea no osso esterno. O câncer HER2 positivo, é do tipo que tende a crescer e se disseminar mais rapidamente do que os outros. “Depois que a doença se torna metastática, o tratamento seguirá por toda minha vida. Mas hoje consigo conviver com o diagnóstico, com qualidade de vida sendo uma paciente paliativa”, explica Fernanda.
Houve dois momentos em que a Fernanda não recebeu os medicamentos do SUS e procurou pela grande mídia para garantir as medicações gratuitas e obteve êxito. “Tenho uma doença que ameaça a minha vida, mas aprendi também que todos os seres humanos estão sujeitos a finitude da vida, por esse motivo acredito na minha cura diária, isso me fortalece para continuar a viver”, finaliza esperançosa.
Hoje, além da professora já ter retornado às salas de aula, também é voluntária na Casa Paliativa em São Paulo, espaço de acolhimento de pacientes com câncer, com situações similares à dela.
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