Por Nycolle de Moraes
Com todo sucesso e crescimento da cultura sul-coreana se expandindo pelo mundo, as empresas estão investindo cada vez mais em novos talentos. É fato que a 1ª geração musical no país foi marcada por grandes artistas nativos, entretanto, esse cenário tem mudado e a abertura para novas culturas tem se mostrado presente no k-pop, o estilo musical que tem conquistado cada vez mais o coração de pessoas ao redor do mundo. Ainda que em passos lentos para um movimento mais diverso, a senegalesa Fatou Samba, integrante do grupo feminino BlackSwan, que teve a sua estreia durante a pandemia da covid-19, em 2020, tem conseguido marcar o seu espaço na indústria de entretenimento sul coreana, carregando seu talento e a representatividade do movimento negro para a Ásia e mundo a fora.
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Antes de se mudar para a Coreia do Sul, Fatou morou na Bélgica e foi modelo da Cineline Entertainment antes de decidir ser trainee. E, para além de sua beleza, carisma e presença de palco, a artista carrega em seu currículo posições importantes para a indústria, atuando como rapper, dançarina, vocalista e atriz. Além das atividades em grupo, em fevereiro deste ano, Fatou lançou seu projeto solo, o cover de “Pass the Rhyme – 수퍼비 (Super Bee)”, que conta com quase meio milhão de visualizações.
Em uma entrevista exclusiva para Highway, em dezembro de 2020, Fatou falou sobre a importância da representatividade no k-pop. “Eu sempre me sinto extremamente honrada quando ouço as pessoas dizerem que ‘porque tem alguém que se parece comigo no k-pop eu sinto mais esperança em meu sonho’. É muito importante se sentir representado, isso nos dá mais esperança e inspiração. E ser de fato motivo de inspiração para alguém é algo incrível”, confessou. “Ser a ‘integrante senegalesa do k-pop’ é algo que ainda não acredito. Eu sou apenas a Fatou e sempre serei. Então é algo que me assusta um pouco pois eu sei que as pessoas vão prestar muita, muita atenção em tudo que eu faço e que vai ter muita gente me julgando porque eu sou a ‘artista negra’ do k-pop. Isso é triste, mas é assim que as coisas são… eu quero trabalhar duro para ser um bom exemplo”
Embora o k-pop seja conhecido por ser originalmente da Coréia do Sul, é de extrema importância ressaltar que muitas características utilizadas pelas empresas e artistas são inspirações vindas do cenário cultural afro-americano, mesmo quando a diversidade e representatividade em grupos de sucesso são pouco evidentes. Fatou é a segunda mulher de herança africana a se juntar a um grupo de k-pop. A primeira mulher negra a fazer parte de um grupo foi a norte-americana Alex Reid, integrante do ex-grupo BP RANIA.
Em uma entrevista para o portal Popline, em 2020, Alex pontuou a representatividade de Fatou no k-pop. “É muito emocionante para meninas como eu ter representação. Representação é muito importante. Eu não vi ninguém como eu, nem mesmo perto. Agora é legal pensar que há garotas que podem olhar e dizer: ‘Não havia apenas uma neste momento, mas agora há outra estrela negra do K-Pop, e ela tem a pele mais escura”.
Apesar do sucesso e muito apoio de fãs ao redor do mundo, muitos coreanos nativos acreditam que Fatou não deveria fazer parte de um grupo de k-pop e nem qualquer mulher negra. Entretanto, o que vale ressaltar é que a presença de Fatou no k-pop traz visibilidade aos aspectos afro-americanos apropriados pela indústria sul-coreana há décadas. Quando uma mulher negra ouve BlackSwan, ela pode se sentir representada de alguma maneira.
A imagem e o talento de Fatou em uma cultura que é extremamente propensa a críticas representa milhares de indivíduos que não conseguiam se ver dentro de um meio artístico tão grande, entretanto, pouco diverso, além de inspirar meninas e mulheres pretas que desejam ingressar e debutar na carreira musical sul coreana. Fatou conquistou uma multidão de fãs desde o momento em que seu nome foi revelado e sua conta no Instagram conta com mais de 300 mil seguidores. Para acompanhar mais, siga: @b_fatou_s.
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