Há mais de 15 anos, Aline Chermoula, 36, chef de cozinha e historiadora, natural de Feira de Santana, promove a culinária da diáspora africana em seus preparos. Também professora de Gastronomia, Aline resgata sua própria identidade com ingredientes como azeite dendê, farinha de milho branco, tamarindo e amendoim.
“O azeite de dendê e o leite de coco fresco, acompanham minha história de vida, assim como, o caju e sua castanha, a banana da terra, a farinha de milho branco e muitos outros ingredientes, usados por minha mãe e tias em dias de reunião de família, em São Paulo. Quando eu penso em cozinhar, automaticamente vem as receitas ancestrais que a foram passadas a mim pela minha mãe, seja o cuscuz preparado cedo pra compor o café antes de ir trabalhar, feito com farinha de milho branco, ou suco de tamarindo para refrescar o calor, até mesmo a moqueca de peixe em datas festivas”, diz.
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Entre os anos 1500 e 1800, milhões de africanas e africanos foram trazidos à força para serem escravizados no Brasil. Outros tantos foram levados para outros países das Américas, como Haiti, Colômbia, México, Venezuela e Estados Unidos, e levaram consigo também sua cultura, suas organizações, suas formas de falar, cultuar, vestir e andar. As trocas ocasionadas pela mistura de vários povos deixou muitos legados. Novas formas de cozinhar e se alimentar, é um deles.
“A culinária das Américas tem como principal característica a grande diversidade de origens, justamente pela intersecção de vários povos e culturas reunidas aqui após os sequestros em massa realizados pelos colonizadores por vários países do continente africano. Estas diversidades se dão a partir das misturas de ingredientes, técnicas de preparo e conservação dos alimentos, além das influências dos nativos de cada país e dos próprios exploradores.”, explica.
A chef, que também pesquisa a gastronomia da Nigéria e da Angola, afirma que sua culinária é expressão de resistência, de algo que sobrevive com muita força, tal qual os ingredientes que usa para preparar os pratos. Em uma experiência como sous chef do Bourbon Street, casa de shows em Moema, por exemplo, Aline aprendeu mais sobre a cultura gastronômica dos EUA.
Aline Chermoula adotou Chermoula como sobrenome pela estima a um tempero versátil utilizado no norte da África, que utiliza ervas frescas como coentro, salsa, temperos e especiarias em sua composição. Aline também produz e apresenta um canal e podcast de culinária baseado em todas as suas vivencias e com a premissa de culinária ancestral; Confira:
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