Se há um espaço democrático onde a cor da pele não é um impeditivo de acesso, esse lugar se chama rede social. Sim, existe racismo dentro desses espaços, onde as mulheres negras são as maiores vítimas, mas todo mundo pode entrar, ler e produzir conteúdo.
Saindo dos aspectos narcisistas, das selfies e dos closes, ou da nova geração de influenciadores de dentro e fora do Youtube e analisarmos o aspecto mais jornalístico das redes sociais, temos o fato já declarado pelo Facebook, a diminuição do número de notícias do feed para valorizar o conteúdo mais social/pessoal dos seus usuários para rede voltar a ser o que era nos primórdios.
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O Instagram é uma rede em franca expansão, mas com poucos recursos que valorizem a produção jornalística (para alguns leitores é difícil achar os links para uma notícia no site, por exemplo).
E aí temos o Twitter, uma plataforma importante para quem produz conteúdo, mas também, cada vez mais relevante para quem quer saber das coisas antes, porque sim, muitas das notícias que você vê na TV ou lê em outros portais de notícias, foram divulgadas primeiramente no Twitter.
Vale lembrar, que copiando o americano Donald Trump, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro dispensa o uso da Assessoria de Imprensa e noticia coisas em primeira mão via Twitter. Quem está longe desse tipo de rede social, está sabendo das notícias atrasado.
Se conhecimento é poder, é importante estar presente onde o conteúdo relevante é compartilhado.
Visibilidade negra tem aumentado dentro do Twitter on e off-line
Ale Santos, autor Indie de SCIFI & Fantasia Afro-americana, foi apontado pela revista Piauí como o “O Cronista dos negros no Twitter”. Santos teve sua vida revolucionada pela sua atuação, inicialmente solitária na plataforma. Hoje, com mais de 80 mil seguidores e apoio do Twitter Brasil, tem um dos melhores conteúdos histórico sobre negritude na Internet e está tudo lá, feito exclusivamente para o Twitter.
Para ele, o Twitter brasileiro tem se tornado uma plataforma parceira, quando falamos de questões raciais: “A plataforma tem se esforçado, eu conheço pessoalmente muita gente de dentro do TwitterBrasil que são grandes aliados na questão da diversidade aqui no país. As estruturas demoram pra mudar por conta do imaginário deixado pela escravidão e pelo racismo estrutural, mas tenho certeza que essas pessoas do twitter tem consciência de tudo isso“, detalha o escritor que participa da plataforma até nos encontros off-line.
“Estive em um painel inédito e histórico, quatro influenciadores negros falando diretamente com os criadores do Twitter, Jack e Bizz . Isso é um fato poderoso, saímos das periferias da capital, do Distrito Federal, do Interior de Sp e do RJ para impactar a alma dessa rede“, relata Ale Santos.
E não é só para quem produz conteúdo negro que o Twitter tem mostrado interesse. A plataforma também quer mais pessoas negras trabalhando em seus escritórios aqui no Brasil.
Em maio, o Twitter abriu inscrições para seleção da segunda turma de estagiários de 2019. O processo seletivo, feito em parceria com a Companhia de Estágios, contou com seis vagas para estagiários no escritório de São Paulo (SP). Nesta edição, também contou com a consultoria de desenvolvimento de carreira Empodera para atuar na atração dos candidatos e em treinamentos internos sobre diversidade e inclusão.
“Procuramos fazer da nossa equipe um reflexo da diversidade presente na plataforma – diferentes experiências de vida, formação, cultura e perspectivas. Por conta disso, temos ampliado o número de faculdades que fazem parte do campo de busca de estudantes e retiramos a obrigatoriedade do inglês para participação do processo”, afirma Francine Graci, diretora de aquisição, treinamento e desenvolvimento do Twitter para a América Latina.
Por que ainda não somos um Black Twitter potente como nos EUA?
Para Nadja Pereira, Analista de social data e pesquisadora, estudante de Big Data Analysis na FIA Business School, cada rede tem o seu perfil, mas os brasileiros e a maioria da comunidade negra, gostam de algo que era parecido com o Orkut.
“O Orkut é a plataforma onde o brasileiro se criou nas redes sociais. O Twitter tem uma dinâmica de conversa, distante do formato de Orkut/Facebook que estamos acostumados, mas existe a possibilidade do Twitter ser ainda mais popular com o declínio do Facebook“, analisa Najda.
A hashtag #BlackLivesMatter (vidas negras importam), nasceu em Julho de 2013, sendo uma resposta ao assassinato do jovem negro Trayvon Martin, nos EUA. A hashtag foi um divisor de águas no ativismo online e toda essa movimentação nasceu no Twitter. Estima-se que #BlackLivesMatter é compartilhado mais de 17.000 vezes ao dia, já devendo ultrapassar a casa dos 40 milhões de compartilhamentos.
O próprio Twitter Brasil informa que, para estimular conversas em torno da questão racial no país, ativou de forma permanente um emoji especial a partir da hashtag #VidasNegrasImportam assim como já acontecia com a versão em inglês (#BlackLivesMatter). Além disso, nos último anos, o Twitter disponibilizou um emoji especial para estimular o debate sobre o mês da Consciência Negra na plataforma, visualizado ao Tweetar com as hashtags #VidasNegras ou #ConsciênciaNegra durante novembro.
https://twitter.com/TwitterBrasil/status/932659570366910464
Elaine Santos, Doutoranda em Sociologia na Universidade de Coimbra, onde integra o grupo de Pesquisa Latino-americano de Geopolítica, Energia e Bem Comum, é extremamente ativa no Twitter e tem suas impressões sobre pelos motivos pelos quais nosso ativismo online é diferente.
“Em relação ao Black Twitter USA, acho que ficamos aquém, devido ao ainda escasso acesso à Internet na região norte e nordeste, onde temos um número expressivo de negros e negras, isso faz com que muitos ainda não tenham chegado até o Twitter. Segundo o relatório ‘Digital in 2019’, a rede mais usada no Brasil é o Youtube, depois o Facebook, seguido do Whatsapp, Instagram e só depois aparece o Twitter. Creio ser normal que não consigamos atingir uma enormidade de negros e negras, contudo, muitos de nós está em outras redes e neste sentido estamos nos movimentos e circulando informação em todos os espaços, que é o importante“, explica a futura Doutora em Sociologia.
#AfroSegueAfro e perfis que você deve seguir
Existe um movimento crescente da comunidade negra brasileira dentro do Twitter. Seja para se manifestar politicamente, ostentar sua beleza, compartilhar memes, é um espaço que está sendo ocupado cada vez mais.
“Penso que o Twitter me deu oportunidade de conhecer muitos negros e negras de outras regiões, saber dos problemas e realidades de cada canto e há pouco mais de um ano, por meio da #afrosegueafro, que foi nossa tentativa de ter um ‘black twitter brasileiro’ que tivesse ‘nossa cara’, pude também ter acesso aos diversos trabalhos, estudos e artigos que são divulgados pelos nossos pretinhos lá no perfil, também segui muitos outros perfis com informações relevantes para o debate que que faço na academia e na vida, sempre aprendemos com as pessoas e é isso q nos permite repensar“, diz Elaine sobre sua experiência dentro da plataforma.
Novo no Twitter ou procurando referências, veja alguns perfis legais para você se encontrar:
Nossos entrevistados:
Ale Santos
@Savagefiction
Autor de SCIFI & Fantasia Afroamericana e Negro Drama do Storytelling. Colunista na @vicebrasil, escreve no @interessante e @theInterceptBr
Nany Saints
@nanyhill Segue você
Socióloga e Doutoranda em Sociologia
Twitter Brasil
@twitterbrasil
Demais perfis:
Site Mundo Negro
@sitemundonegro
Fundação Cultural Palmares
@palmaresGovbr
Museu Afro Brasil
@museuafrobrasil
O nosso BlackTwitter – AfroSegueAfro
@afrosegueafro
Silvio Almeida
@silviolual
Advogado e professor. Doutor em Direito pela USP. Professor da FGV e do Mackenzie. Presidente do Instituto Luiz Gama.
Criola
@ONGCriola
Fundada em 92, CRIOLA trabalha com mulheres, adolescentes e meninas negras, instrumentalizando-as para o enfrentamento do racismo, do sexismo e das LGBTIfobias.
Blogueiras Negras
Feminismo Negro
@BlogNegras
Lista Preta
Cultura pop e celebridades
@listapreta
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