A Batekoo, uma das maiores plataformas voltadas para a comunidade negra e LGBTQI+ do Brasil, anunciou nesta quarta-feira (7) que seu famoso bloco de carnaval – Bloco Batekoo – pode não acontecer em 2024 por falta de patrocínio. “Infelizmente, assim como vários outros blocos da cidade de São Paulo, não temos patrocínio ou apoio, o que inviabiliza a nossa ida para as ruas”, relatou a organização, através das redes sociais. O desabafo da Batekoo se soma ao relato de outros 118 desfiles da capital paulista, que também foram cancelados por falta de patrocínio e apoio. O famoso Bloco ‘Domingo Ela Não vai’ também foi cancelado em 2024 pela ausência de recursos financeiros.

Em contrapartida ao cenário de falta de apoio, principalmente quando se fala sobre blocos populares negros, o Baile da Vogue 2024, organizado pela revista Vogue Brasil, contou com mais de 20 marcas em sua composição, uma ostentação luxuosa, fechada para 1800 convidados. Através do tema ‘Galáctika’, a festa contou com o patrocínio de Beefeater, Havaianas e Rabanne, o apoio de 3 Corações, Azul Linhas Aéreas, Bacio di Latte, Bulova, Chandon, Engov, Eudora, Gulf, Inner Circle, Kérastase, Lindt, OPI, Seara Brasil, Stella Artois, TikTok, Tônica Antárctica e participação de Bioderma, Gata Bakana, Pacco e Star Wars.

A discrepância e a diferença de tratamento dado às produções populares é gritante. Mesmo no carnaval, uma festa que tem suas bases na cultura negra, o que observamos é um completo desinteresse das marcas pela diversidade e pelo popular. Em 2023, com quase 71 anos de história, o tradicional bloco afro ‘Filhos de Gandhi’ cancelou sua participação no carnaval do Rio de Janeiro também por falta de apoio financeiro. “Com o coração partido comunicamos que apesar dos árduos esforços de toda a equipe administrativa para celebrar o Carnaval deste ano, o bloco Filhos de Gandhi Rio de Janeiro não conseguiu nenhum apoio institucional ou patrocínio financeiro e por isso não irá realizar nenhuma apresentação no carnaval de 2023”, informou a nota oficial compartilhada pela organização do bloco à época.

Num cenário bem diferente de 2020, de acordo com a jornalista Silvia Nascimento, Head de Conteúdo e CEO do Mundo Negro, em 2024 a diversidade está perdendo investimento e relevância nas empresas. A esperança de um reconhecimento sincero e significativo do impacto do racismo estrutural e implementação de ações em em prol de um mundo menos desigual em termos raciais durou menos de dois anos. “Se um caso similar ao de George Floyd acontecesse hoje, dificilmente o mundo pararia como aconteceu em maio de 2020“, relata a profissional.

Silvia diz que a única renascença negra plena nos últimos meses foi a de Beyoncé. O pessimismo e o medo voltaram a rondar a comunidade negra de forma global em um último semestre com demissões de pessoas negras e com o desmantelamento de áreas de Diversidade e Inclusão (D&I). 

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