Ativista aponta capacitismo em vídeo de experimento social feito para denunciar racismo

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Ativista aponta capacitismo em vídeo de experimento social feito para denunciar racismo
Foto: Reprodução

Um vídeo de um experimento social está viralizando nas redes sociais e tem levantado importantes discussões sobre racismo, mas o que as pessoas deixaram de observar, segundo o filósofo, palestrante, provocador social e ativista PcD/Preto com Deficiência, Marcelo Zig é o capacitismo por trás do conteúdo. Nele, duas pessoas fingem ser cegas: um homem branco e outro negro, ambos estão andando com uma bengala enquanto tentam receber ajuda, o homem branco recebe apoio e as pessoas chegam a limpar o braço quando são tocadas pelo homem negro.

“Como assim as pessoas se recusaram a ajudar uma pessoa cega são porque ela é negra? Se você pensou isso ao assistir a esse vídeo você precisa revisar a manifestação do capacitismo no seu comportamento porque você pode até não assumir por falta de conhecimento, mas você ainda compreende a pessoa com deficiência como uma pobre coitada que está sempre precisando de ajuda apenas por ser uma pessoa com deficiência”, aponta ele em um vídeo publicado nas redes sociais.

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Apesar do racismo escancarado no vídeo, outro ponto chamou a atenção de Marcelo. Ele apontou o capacitismo do próprio experimento social, que reforça o estereótipo de que a pessoa com deficiência é tratada como alguém que sempre precisa de ajuda para fazer coisas simples, como andar na rua. Além disso, ele destaca que o experimento usa o ato de fingir ser cego, conhecido como “cripface”.

“Você provavelmente não se incomodou com o fato das pessoas no vídeo cometerem cripface ao se passarem por pessoas cegas e reforçarem o estereótipo de incapacidade da pessoa com deficiência para realizar as atividades comuns as outras pessoas da sociedade. Você provavelmente não pensou na vulnerabilidade que o capacitismo submete as pessoas ao ajudarem uma pessoa desconhecida apenas por ela ser uma pessoa com deficiência”.

O ativista chama a atenção para a vulnerabilidade que o capacitismo pode impor ao ajudar uma pessoa desconhecida apenas com base em sua deficiência. Ele ressalta que esse tipo de ação pode colocar em risco a segurança de quem oferece ajuda, já que criminosos poderiam se passar por pessoas com deficiência para fins maliciosos.

Marcelo Zig também levanta a questão do racismo presente no experimento, questionando o motivo pelo qual a ajuda foi mais prontamente oferecida à pessoa branca do que à pessoa negra, mesmo ambas fingindo a mesma deficiência. Ele aponta que o capacitismo e o racismo estão interligados, influenciando o tratamento dado às vítimas de acordo com a cor da pele.

“Você provavelmente não se incomodou com o festival de capacitismo neste vídeo porque você precisava comprovar ou contestar a existência do racismo expresso nele. Mas a pergunta que te faço é: o que você vai fazer com a informação de que pessoas negras não deixam de sofrer racismo mesmo sendo pessoas com deficiência? O que você vai fazer com a constatação de que o capacitismo é racista e distingue o tratamento dado a suas vítimas de acordo com a cor da pele delas, e que o racismo é capacitista quando mata socialmente o seu alvo até para os seus pares, quando uma pessoa negra é uma pessoa com deficiência?”, questiona.

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