No domingo, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o ‘Fantástico’ exibe a entrevista histórica que Maju Coutinho fez com a ativista estadunidense Angela Davis. Essa será a primeira entrevista dela para uma TV aberta brasileira. “Nossa reportagem vai apresentar algumas ideias da Angela para o público brasileiro, falamos sobre racismo, sistema penitenciário, feminismo, entre outros assuntos”, adianta Maju. Filósofa, escritora, professora, reconhecida por sua luta antirracista e feminista, Davis teve seus discursos lançados no Brasil na coletânea ‘O sentido da liberdade e outros diálogos difíceis’ e as duas conversam por vídeo sobre os temas abordados na obra.

Maju Coutinho e Angela Davis. Foto: Reprodução / Fantástico

“Quando éramos crianças, brincávamos de correr para a área reservada apenas a pessoas brancas, um bairro que ficava do outro lado da rua onde eu morava. Sabíamos que estávamos infringindo a lei, mas quando crianças, inventamos esse jogo em que atravessávamos a rua correndo e às vezes até subíamos os degraus, tocávamos a campainha e tentávamos fugir antes que o branco atendesse. Era diversão. Mas, ao mesmo tempo, era resistência”, destacou Angela, ao defender como foi encorajada desde a infância – dentro de casa, pela mãe, na escola, por membros de sua comunidade e da igreja – a se posicionar contra o racismo.

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A ativista falou ainda sobre as novas práticas racistas, que acontecem em diferentes lugares do mundo, e que ficaram ainda mais evidentes após a pandemia. “O racismo é mutável e se expressa de várias maneiras. Durante décadas, muitos de nós argumentamos que o racismo é principalmente institucional, estrutural e sistêmico, e não simplesmente as atitudes de indivíduos. E durante a pandemia do COVID, vimos um número desproporcional de negros e indígenas morrendo por causa do racismo no sistema de saúde”, explica ela, apontando ainda que apesar de vivermos dentro de uma estrutura racista, a ação individual não pode ser menosprezada: “As pessoas, eu acho, começaram a fazer a conexão entre essas instituições sociais que são racismo e assistência médica, racismo e policiamento, racismo e prisão. E assim, portanto, não acho que elas agora contestem o fato de que o racismo está profundamente enraizado nas estruturas de nossa sociedade, o que não quer dizer que o racismo também não seja expresso nas atitudes das pessoas”.

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