Com informações do Estadão
Um grupo de alunos do Colégio Visconde de Porto Seguro, da unidade de Valinhos (SP), criou no último domingo, 30, um grupo no WhatsApp chamado “Fundação Anti Petismo”. Com cerca de 30 adolescentes, o grupo teve compartilhamento de mensagens de ódio contra petistas, negros, nordestinos e mulheres, além de apologias ao nazismo, principalmente com o envio de “stickers” de Adolf Hitler. O grupo foi criado por insatisfação com o resultado das eleições presidenciais, que elegeu Luís Inácio Lula da Silva, no último domingo.
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Um dos alunos adicionados ao grupo foi um adolescente negro de 15 anos, que se indignou com o conteúdo das mensagens. Ele se manifestou chamando os integrantes de “neonazistas do Porto” e dizendo que denunciaria o grupo. Os outros estudantes negaram serem nazistas, mas somente “antipetistas”. Ao afirmar que o compartilhamento de imagens de Adolf Hitler dizia o contrário, o estudante negro foi excluído do grupo e recebeu ataques em mensagens privadas. “Espero que você morra fdp negro”, dizia a mensagem.
Mãe do estudante vítima de racismo, a advogada Thais Cremasco soube imediatamente do ocorrido e, no dia seguinte, registrou um boletim de ocorrência contra os alunos do colégio que participavam do grupo. A denúncia, junto às provas (prints dos grupos e de posts no Instagram e no Twitter), foi enviada ao Ministério Público, que tem a responsabilidade de investigar o caso.
Em sua conta no instagram, ela publicou algumas mensagens printadas do grupo e também as que foram enviadas para seu filho em particular, e avisou: “É crime! Racismo é crime! Apologia ao nazismo é crime! Xenofobia é crime!”.
A advogada questiona, ainda, a conduta da escola que suspendeu o aluno responsável pelas mensagens, o que ela considera insuficiente. “A escola suspendeu o responsável pelas mensagens, mas pergunto: como meus filhos vão frequentar uma escola que há alunos cometendo esse tipo de crime?”
Em nota, o Colégio Visconde de Porto Seguro disse que “repudia qualquer ação e ou comentários racistas contra quaisquer pessoas” e que “os atos de injúria racial não são justificados em nenhum contexto”.
A escola reforçou que considera que a construção de uma sociedade livre, justa e igualitária pressupõe o respeito à diversidade e as liberdades e disse que “o colégio não admite nenhum tipo de hostilização, perseguição, preconceito e discriminação”.
Thaís disse que não é o primeiro episódio de racismo na escola. “Os meus filhos estão lá há oito anos. Todos os racismos que haviam ocorridos na escola até então foram direcionados a minha filha, porque ela tem muito mais traços negros (…) A escola nunca tomou uma atitude. Eles dizem ‘nós vamos fazer palestra’, ‘nós vamos chamar a família’, só isso que nunca adiantou”, diz.
Na terça-feira, 1°, ex-alunos do colégio fizeram uma carta aberta cobrando providências concretas da instituição e se posicionando contra o ocorrido. “Casos de racismo continuam pipocando nos corredores do Porto Seguro – no entanto, a instituição parece ainda não ter entendido que a solução só se torna real e um caminho a ser seguido quando o problema é reconhecido e conjuntamente enfrentado”, diz o texto.
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