A atriz Samara Felippo e a apresentadora Xan Ravelli foram as primeiras convidadas da série de lives sobre educação antirracista, promovida pelo Site Mundo Negro e o Projeto Seta. Ambas são mães e abordaram o tema “Como educar crianças e adolescentes para o enfrentamento ao racismo?”, na noite desta quarta-feira (02).

Xan Ravelli é mãe de três filhos e fala do desafio de criá-los onde mora. “São Caetano do Sul é a cidade mais racista no estado de São Paulo. Aqui tem uma imigração italiana muito forte e eles tem certeza que são europeus. A cidade tem poucos negros, nós estamos resistindo por aqui. Mas é uma cidade que faz questão de ignorar nossa presença e garantir que a gente tenha certeza de qual é o lugar que eles querem que a gente ocupe”.

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Apesar dos filhos estudarem em uma escola pública, as poucas pessoas negras na região também reflete no convívio escolar. “A gente está cogitando seriamente mudar de cidade. A gente tenta intermediar de alguma forma, criando outros espaços onde eles possam se entender e se encontrar. Fazer com que eles entendam que a escola não é tudo, não é um mundo. Se desloca 20 km em um fim de semana, para encontrar no extremo leste, algum lugar que eles possam brincar”, diz a Xan.

Já a Samara Felippo, conta que que por ser uma mulher branca, precisou furar a bolha da branquitude inserida para entender o racismo que afeta suas duas filhas. “Procuro escolas que realmente estejam empenhadas em políticas antirracistas. A mais velha mudou de escola recentemente. Num grupo de 13, 14 adolescentes, sumiu um carregador de iPhone e a única culpada foi a minha filha. Fui na escola, fiz um textão no grupo [do whatsapp] Fui na responsável, mãe da menina. Saber reconhecer a situação é muito importante”, relata.

A atriz revela que por um tempo repetiu o padrão de prender o cabelo da filha na correria e decidiu parar com essa atitude. A gente criou um canal no Youtube que chama ‘Muito Além de Cachos‘, foi uma forma que eu encontrei de empoderá-las, de trazer a pauta pra dentro da vida delas com carinho. A gente fazia desde hidratação, trazia projeto de mulheres pretas empreendedoras, livros, brinquedos, e unindo também o cuidado com o cabelo”.

No bate-papo com a CEO do Mundo Negro, Silvia Nascimento, ela também relatou sobre como lida com o enfrentamento ao racismo sendo mãe de três meninas. “Esperar acontecer uma situação de racismo para abordar a questão racial não é o ideal. É muito doloroso começar a introduzir esses assuntos quando elas são crianças”.

Ao serem matriculadas numa escola com poucas crianças negras, a jornalista já alertou as filhas sobre os possíveis casos de racismo que elas poderiam sofrer e disse que deu check em todas as situações. “Sobre o cabelo da caçula, a mais velha ser convidada para sair do espaço que não era para filhos dos funcionários lancharem”.  E completa: “A gente tem que trabalhar a autoestima para que elas não se sintam diminuídas. Muitos traumas vem desse choque de se descobrir negro com situações ruins”.

Neste mês de novembro, em que se comemora o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra no Brasil e de memória a Zumbi dos Palmares, o projeto Seta – Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista realiza em parceria com o Site Mundo Negro, a série de entrevistas especiais “Seta em Debate Novembro Negro”. Todos os bate-papos acontecerão às 19h30, das quartas-feiras e podem ser acompanhados pelos perfis do Projeto Seta (@setaprojeto) e do Mundo Negro (@sitemundonegro) no Instagram.

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