Racismo em aeroportos: para advogada Fayda Belo abordagens podem ser questionadas, mas há cuidados a serem tomados

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Racismo em aeroportos: para advogada Fayda Belo abordagens podem ser questionadas, mas há cuidados a serem tomados
Foto: Reprodução

Nos últimos dias, veio a público dois casos de abordagem policial contra mulheres negras. Os dois casos aconteceram em aeroportos no Brasil e causaram uma grande revolta na internet.

Na última sexta-feira (28), um comandante da Companhia Gol chamou a polícia federal para retirar Samantha de um vôo de Salvador para São Paulo. Ela havia reclamado que não achava lugar para guardar seu notebook. No sábado (29), em um aeroporto de Rondônia, a dançarina Marcelly Batista foi parada também pela polícia federal enquanto esperava seu vôo para São Paulo. Ela teve suas tranças revistadas e desbloquearam seu celular para procurar “mensagens suspeitas”.  

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Infelizmente, abordagens policiais são recorrentes na comunidade negra e muitas vezes não sabemos como lidar ou até onde podemos ir de forma segura. A advogada criminal Fayda Belo deu alguns conselhos em entrevista ao site Mundo Negro sobre o que se fazer em caso de abordagem. 

Para Fayda, a primeira coisa que se deve fazer é não resistir e questionar o motivo da abordagem. Segundo o artigo 5 da Constituição Federal, toda autoridade policial é obrigada a comunicar o motivo da abordagem. “Obrigatoriamente a autoridade policial deverá comunicar os motivos da abordagem, bem como informar que a pessoa detida pode fazer contato com a família e advogado de sua confiança”, comenta a advogada criminal.

É essencial questionar se há alguma razão legal para a abordagem, mas não se deve se exaltar contra as autoridades para que isso não seja usado contra você.

Outro ponto importante apontado por Fayda é sempre quando for possível ter uma pessoa por perto para registrar e testemunhar caso seja preciso. Ter alguém como testemunha pode garantir que não seja desacreditado. Não existe nenhuma lei que impede ou proíbe filmagem.

“As pessoas podem colaborar ainda, fornecendo a vítima seu nome completo e telefone para que possa testemunhar posteriormente o que viu em favor da vítima em juízo, bem como não só podem mas devem gravar e filmar todo o ocorrido, já que muitas vezes por vivermos em um país que acredita no mito da democracia racial, a grande maioria das pessoas e também o sistema de justiça acabar isentando atos racistas por ausência de provas, pois quase sempre as vítimas só tem a sua palavra e por isso acabam sendo ignoradas e descredibilizadas”, disse Fayda.

Pessoas brancas também podem e devem ajudar nesses casos e mostrar que a luta contra o racismo não é exclusividade dos negros. Como por exemplo a jornalista Elaine Hazin, que gravou a ação contra Samantha. “Ao perceber uma arbitrariedade racista contra alguém, grave, filme para que essa vítima tenha uma prova robusta do racismo que viveu e possa conseguir que esse crime bem como seu autor seja processado e punido nos rigores da lei”, complementou.

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