A diferença na repercussão de notícias entre crianças brancas e crianças pretas

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A diferença na repercussão de notícias entre crianças brancas e crianças pretas

Por: Aquiles Marchel Argolo

Existe uma máxima no jornalismo que diz “notícia é quando o homem morde o cachorro e não o contrário”. Basicamente diz que se algo vira rotina deixa de ser notícia e isso se reflete na pouca ou quase nenhuma cobertura extensa dos meios de comunicação em cima da morte de crianças pretas.

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Vejamos o caso do menino Miguel, que ganhou componentes dramáticos, não por ele ser novo demais para morrer de forma tão violenta mas por sua assassina ser uma mulher branca de classe média. A morte do filho de uma empregada foi uma tragédia que ganhou atenção, mais por envolver uma família de classe média alta de um político, do que pelo descaso da patroa Sari Cortes Real com o filho da dona Mirtes.

No caso dos três garotos que estão sumidos há 100 dias, a polícia agiu com descaso notório e especialistas apontaram que o atraso na busca de evidências dificultou muito a resolução do caso e somente ontem se criou uma força tarefa para apurar o que houve com Fernando Henrique, 11, Lucas Matheus, 8, e Alexandre da Silva, 10.

Se fossem três garotos loiros de olhos azuis esse país estaria de cabeça para baixo porque a morte de crianças pretas é normalizada. A não ser que haja envolvimento de classes sociais abastadas no desaparecimento, é possível que esse caso só continue a ganhar relevância pela insistência das mídias alternativas em bater na tecla.

No caso da pequena menina Isabella Nardoni e do Henry, não há nenhuma condenação na cobertura dos jornais que acabam forçando o trabalho ágil da polícia. O problema está na ausência de contraparte.
Mais crianças negras morrem de forma violenta porque não existe segurança pública ou formas de proteger as comunidades dos poderes que se instalam na ausência do Estado e isso não pode amortecer nossos sentidos para a dor das famílias.

Alguém vai dizer “mas todos os casos foram noticiados”. Veja, o que chamo atenção aqui é a diferença no esforço em cobrar que a polícia faça seu trabalho, que é feito de maneira porca quando os crimes ocorrem longe de bairros centrais. Quem tem poder de manter holofote, pressão por resolução é a imprensa.
Não deveria haver hierarquia no valor das vidas de nossas crianças, mas existe.

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