Em Portugal, curso sobre racismo e xenofobia apenas com professores brancos é suspenso pela universidade

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Em Portugal, curso sobre racismo e xenofobia apenas com professores brancos é suspenso pela universidade
Foto: Reprodução

Após repercussão internacional com críticas sobre um programa de pós-gradução sobre racismo e xenofobia apenas com professores brancos, em Portugal, foi cancelado. O curso oferecido pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa em parceria com o Observatório do Racismo e Xenofobia, uma entidade governamental, repercutiu negativamente nas redes sociais ao ilustrar todos os professores que faziam parte do programa.

“As reações foram compreensivelmente indignadas, e a universidade e o observatório retiraram a página do curso no mesmo dia”, disse a Paula Cardoso, fundadora do Afrolink, organização negra e portuguesa que denunciou o curso nas redes sociais, em entrevista à Folha de São Paulo, nesta quinta-feira (17). “Um dos módulos tinha o título: ‘Mas o racismo existe mesmo?’. Ora, para quem sofre isso na pele todos os dias a pergunta é no mínimo insultuosa”, destacou.

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“Entre o momento da aprovação do curso e o da sua operacionalização ocorreram diversas alterações. A principal foi a indisponibilidade de alguns formadores em lecionarem na pós-graduação. Isso motivou ajustes no programa, que acabou por não refletir os princípios da diversidade e inclusão”, defendeu Margarida Lima Rego, professora da universidade, em entrevista à agência de notícias Lusa, após o anúncio da suspensão do curso na terça-feira (15).

Segundo Cardoso, a expressão “racismo estrutural” foi mencionada pela primeira vez em um documento oficial português em 2021, quando o governo socialista de António Costa lançou o Plano de Combate ao Racismo e à Discriminação. A criação do Observatório foi uma das recomendações desse Plano e, em 2023, foi implementado como um projeto acadêmico em parceria com a Faculdade de Direito da Universidade Nova.

“Foi um projeto que nasceu torto”, disse Myriam Taylor, ativista na área de diversidade e direitos humanos, em entrevista à Folha. “Na universidade ninguém achou estranho [o Observatório ser formado por pessoas brancas], porque em Portugal foi normalizado o fato de que não existem pessoas racializadas em espaços de poder, e a universidade é um espaço de poder”, explicou.

Procurados pela Afrolink e pela Folha, o Observatório do Racismo e Xenofobia ainda não se pronunciou sobre o caso.

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