Toda prática de racismo deve ser combatida! Porém, quando se trata deste crime contra crianças negras, cujas mães são brancas e famosas, a comoção do público é sempre mais forte.
Nos últimos dias, os brasileiros acompanharam a denúncia da atriz Samara Felippo sobre o ataque racista que a filha sofreu em uma escola de elite na capital paulista. E recentemente, prestes a completar um ano do ataque que os filhos da atriz Giovanna Ewbank sofreram em Portugal, o Ministério Público do país enfim aceitou a denúncia contra a racista. Vale lembrar, que o racismo e a injúria racial ainda não são reconhecidos como crime pelo país europeu.
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Embora seja muito importante que mães brancas exponham essas situações em combate ao racismo, precisamos entender o quão as pessoas realmente se importam com a causa ou apenas quando se tratam dos filhos de mulheres brancas e famosas que fazem as denúncias.
Enquanto isso, o que mais vemos, são mães negras derramando lágrimas por filhos que não apenas sofrem ofensas raciais, como também são violentados fisicamente ou são mortos. Mas essa dor não comove o suficiente para fazer o país parar por mais respeito e direitos à infância e juventude negra.
Um estudo realizado em 2023, pelo Instituto de Referência Negra Peregum (IPEC) em parceria com o Projeto SETA, revelou que 64% dos jovens consideram o ambiente escolar como o local em que mais sofrem racismo.
Em novembro do ano passado, um vídeo viralizou com o áudio de um menino de 7 anos, vítima de racismo na instituição de ensino Fundação Fito, localizada em Osasco, na Grande São Paulo. Ele pedia para os pais negros, que expusaram o caso, uma escola que fosse “boazinha” com ele. Apesar de ainda haver uma boa divulgação do ocorrido na escola, também não gerou tanta comoção.
Na época, Patrícia Santos, fundadora da EmpregueAfro, também havia acabado de expor que seu filho de 12 anos tinha sofrido racismo na EMEF Ângelo Raphael Pellegrino, em São Caetano do Sul (SP), pela quarta vez na mesma unidade escolar. Mesmo levando o caso para público, não houve uma melhora no acolhimento com o jovem e a mãe solicitou a transferência para outra escola.
Além dos casos de racismo na escola, há outras situações em que até chegaram a ter mais alcance midiático, mas que ainda não houve uma resolução necessária na Justiça.
Desde 2020, Mirtes Renata continua lutando pela prisão de Sarí Corte Real, responsável pela morte de seu filho Miguel Otávio, um menino de 5 anos, que caiu do nono andar de um prédio de luxo em Recife, onde trabalhava. Enquanto Rafaela Coutinho Matos foi televisionada em prantos enquanto enterrava seu filho João Pedro, de 14 anos, morto por policiais civis em São Gonçalo (RJ), com tiros de fuzil, pelas costas. Mas também não houve a prisão dos três réus pelo crime.
Mas apesar da frustração, não há o que surpreenda de um estado racista. Afinal, da mesma forma que a sociedade continua a violentar crianças negras, também violentam mães negras.
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