Por meio de perfis, a campanha #NegrasRepresentam tem o objetivo de apresentar os pensamentos de mulheres negras em diversas esferas sociais e como suas ações vem propondo mudanças na realidade racial do país.
Sabemos que ainda não é comum a presença feminina negra nas exatas, mas Sônia Guimarães traz um acalanto ao nosso coração em uma área onde as mulheres negras que realizam pesquisas voltadas para ciências exatas são pouco mais de 5.000, ou 5,5%. PhD em Física da Matéria Condensada, mestre em Física Aplicada e conselheira Fundadora da ONG afrobras, responsável pela Universidade Zumbi dos Palmares, única da América Latina a ter 90% de seus alunos negros.
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Estamos falando da dona do primeiro título de doutorado em física concedido a uma mulher negra brasileira, pelo site Black Women of Brazil. Professora de Física no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), uma das instituições de ensino mais conceituadas e concorridas do país, setor sobre a responsabilidade do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial – DCTA.
- Como a população negra pode mudar a ciência para melhor?
A população negra pode mudar a ciência para melhor fornecendo diversidade nas idéias, a ciência é basicamente dominada por homens brancos, isso é uma grande limitação, mais cabeças pensam melhor, e maior diversidade irá trazer maior criatividade, pesquisa em maior número de áreas, e com certeza melhores resultados sobre perspectivas até então não imaginadas.São as experiências e os por quês que movem a criatividade e mente humana, a ausência de questionamentos presentes em vivencias outras acabam por não enriquecer algo tão fascinante como a ciência.
- Na Bahia, o projeto Oguntec do Instituto Cultural Steve Biko tem como missão fomentar e popularizar a ciência e a tecnologia, junto a estudantes de escola pública. O que te fez escolher a física?
Sempre gostei de matemática, e cursando o cursinho para o vestibular me apaixonei por física, e todas as suas possibilidades… Mas na realidade o que queria mesmo como primeira opção seria fazer engenharia civil, pois fiz técnico em edificação no nível médio… No meu tempo tínhamos 16 opções para o vestibular, sendo que 13 eram engenharias, para não deixar nada vazio, preenchi o resto com físicas, e peguei minha penúltima opção… No meu segundo ano de física, entrou curso de engenharia civil em minha universidade, mas nesse ano estava cursando física moderna e física do estado sólido, que são minhas paixões até hoje, sou doutora em semicondutores, daí a paixão venceu… A minha tentativa de trabalhar com as meninas das escolas públicas foi infrutífera, elas acham ciências, principalmente física, muito difícil, reclamaram que geralmente o professor é ruim… Dei 2 palestras para estudantes de física e entre 20, somente um levantou o braço, quando eu perguntei que vai ser professor do nível médio, mas logo ele abaixo o braço, a situação está bem complicada, não existe nenhum incentivo para as ciências…
- O que você diria a mulheres negras que queira seguir os seus passos?
Meninas veeeenham, pois precisamos muuuito de vocês… Precisamos criar a diversidade de raça e gênero, senão a ciência brasileira vai se resumir a um montão de homens brancos fazendo teoria que não leva nada a lugar nenhum… O olhar e coragem de vocês é a formula para uma ciência mais humanizada e de impacto na vida cotidiana.
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