Após repercussão do quarto caso de racismo sofrido pela criança de 12 anos, na EMEF Ângelo Raphael Pellegrino, em São Caetano do Sul, São Paulo, a mãe e a executiva Patrícia Santos, CEO da EmpregueAfro, fundou o coletivo Escola Antirrascista SCS em parceria com outras mães e pais da cidade, pela defesa de seus filhos negros.
“Viemos para a reunião com a Secretaria de Educação hoje, 5 de outubro, eu consegui a transferência de escola. O currículo pedagógico está em revisão. A secretária de educação [Minea Paschoaleto Fratelli] falou pra gente, que a partir do ano que vem, terá mais formações para os professores. Eu vou revisar esse currículo, contribuir com o que eu entendo, junto com o coletivo que fundamos em São Caetano”, disse Patrícia nos stories do Instagram.
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Na página oficial da iniciativa, eles disponibilizaram um link com formulário para realização de denúncias de racismo nas escolas de São Caetano do Sul e convite para novos parceiros (clique aqui!). “Nós existimos porque queremos que a escola também seja um espaço de acolhimento e segurança para nossas filhas e filhos. Porque queremos que cada criança e adolescente tenha assegurado o direito de ir à escola sem medo de ser discriminada, humilhada ou excluída por ser negra/o”, inicia o texto.
“Decidimos agir, porque não podemos mais aceitar o silêncio e a inação. Nossa missão é: construir um ambiente escolar seguro, igualitário e inclusivo para todas as crianças negras (e, consequentemente, demais crianças não-brancas), a partir da educação antirracista”, completa.
Entenda o caso
Na segunda-feira (2), Patrícia Santos publicou um vídeo no Instagram com alguns áudio enviados pelo filho de 12 anos, após ele sofrer racismo pela quarta vez, na mesma escola. “Por favor, mãe, me tira daquela escola, eu não aguento mais. Não importa para qual escola eu vá, só me tira do Peregrino. É muita dor de cabeça lá, é muito sofrimento. Eu não quero sofrer de novo. Eu preciso sair daquela escola”, dizia em prantos.
Segundo o filho da Patrícia, ele estava se alimentando e o colega disse para ele: ‘Nossa, você está comendo? Você nem parece africano’”, relatou a mãe.
Após a publicação do vídeo, a empresária informou os seguidores que foi até a escola para solicitar a transferência da criança. “A única professora negra da escola que idealizou um projeto para falar sobre cultura afro-brasileira, não tem consciência racial. É o totem que a escola usa pra dizer que está fazendo alguma coisa, mas não tem consistência o conteúdo. Eu pedi a transferência do meu filho para outra escola. A família inteira está desgastada”. Encerrando o vídeo, a executiva ainda relatou o que ouviu da assistente da direção durante a reunião. “Você acha que transferindo ele de escola, o problema vai mudar?”.
Há três anos, desde que o filho sofreu o primeiro caso de racismo, que a mãe luta para implementação da lei 10.639, sobre a obrigatoriedade do ensino da história, cultura afro-brasileira e africana nas escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio.
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