Após o último caso de agressão a um casal negro, ocorrido no dia 5 de maio em uma unidade do Big Bom Preço, no bairro de São Cristóvão, em Salvador, o Carrefour informou, na última quarta-feira (17), que vai exigir que os agentes de segurança que trabalham para o grupo deverão usar bodycams, conhecidas como câmeras corporais, a informação foi divulgada pelo jornal Estadão.
De acordo com a matéria, os funcionários que atuam no interior das lojas da rede Carrefour usam o equipamento desde 2021. A nova medida deve abranger todos os fiscais de outros estabelecimentos do grupo, entre eles, Sam’s Club, Big e Big Bom Preço, além disso, a segurança terceirizada que atua nas áreas externas dos supermercados também deverá usar o equipamento.
Notícias Relacionadas
Estagiária, estudante da PUC-SP, é demitida após ofensas a cotistas em jogos universitários
Manchete da Folha de S. Paulo sobre lavar 'tranças africanas' reforça estereótipos sobre penteados de pessoas negras
O grupo deve implementar a medida até o final deste ano com objetivo de prevenir casos de violência, discriminação e intolerância racial. O uso de câmeras em uniformes de agentes de segurança pública é uma medida conhecida pela população do Estado de São Paulo e mostra resultados positivos com uma queda de 62,7% na letalidade policial.
A recorrência de casos de racismo e agressão a pessoas negras em unidades do Grupo Carrefour tem chamado a atenção das autoridades e do público. Frente ao caso ocorrido em Salvador, em que o vídeo das agressões a um homem e uma mulher negra em Salvador, a deputada Érika Hilton pediu que o grupo seja responsabilizado pelo descumprimento do Termo de Ajuste de Conduta, firmado em 2021, após a repercussão da morte de Beto Freitas, ocorrida no ano de 2020 em uma unidade do Carrefour, em Porto Alegre. Segundo o Uol, citando outros casos de racismo que ocorreram no Carrefour, a deputada notificou o Ministério Público e a Defensoria do Rio Grande do Sul, a nível federal e estadual, além de notificar o Ministério Público do Trabalho afirmando que existiu a “prática de novos casos de discriminação racial nas instalações da empresa”.
Relembre os outros casos
No dia 19 de novembro de 2020, João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi espancado até a morte por seguranças na área externa do supermercado, no bairro Passo d’Areia, na zona norte de Porto Alegre. Em um novo caso ocorrido na Zona Leste de Porto Alegre, em 2022, um jovem negro foi imobilizado pelos seguranças da loja por suspeita de ter roubado quatro barras de chocolate no local. Testemunhas que estavam no local afirmaram que os seguranças utilizaram uma abordagem violenta e chegaram a ajoelhar sobre o pescoço de um dos jovens. Um dos seguranças tentou conter o jovem com pé no pescoço dele. Através de uma nota, a rede Carrefour declarou que os seguranças do supermercado não participaram da abordagem.
Em dezembro de 2022, funcionários do Carrefour relataram casos de assédio moral e ofensas raciais e contra pessoas com deficiência durante o trabalho em uma loja do hipermercado em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Uma ação civil pública condenou o Carrefour a pagara R$ 400 mil em indenização por assédio moral organizacional”, na época, o grupo afirmou que iria recorrer da decisão do Ministério Público.
As mais recentes denúncias de racismo envolvendo o Grupo Carrefour aconteceram em abril deste ano, quando no mesmo final de semana a professora Isabel Oliveira tirou suas roupas após ser seguida por um segurança do mercado. O ato foi feito como forma de protesto. “Não somos ameaça”, disse ela em vídeo.
Isabel contou que foi seguida por mais de meia hora e se sentiu como uma marginal, ela chegou a questionar ao segurança o motivo de estar sendo seguida e o mesmo negou e disse que só estava cuidando do setor. Depois do ocorrido, ela ligou na delegacia, onde ouviu que o caso não se configurava como racismo e ele “só estava cumprindo o seu papel”.
Em outro caso de racismo no Carrefour, o marido da Fabiana Claudino, bicampeã de vôlei pela Seleção Brasileira, Vinícius de Paula, relatou em seu Instagram que a atendente se recusou a atendê-lo. No Twitter, ele explica que passou em um caixa preferencial vazio em um Carrefour em Alphaville, São Paulo, e que a atendente disse que não poderia atendê-lo por ser preferencial, mesmo vazio, mas quando ele estava indo para outro caixa viu a atendente passar uma cliente branca não preferencial no lugar dele.
Notícias Recentes
Agência Pública aponta 33 políticos com antepassados relacionados com a escravidão no Brasil
Economia Inclusiva: O papel das mulheres negras no fortalecimento do mercado brasileiro