Por Ivair Augusto Alves dos Santos
Nas igrejas centenárias de Minas Gerais nós encontramos a exuberância da talha e douramentos de figuras de anjos negros barrocos. Kate (Clara Moneke), personagem da novela Vai na Fé, pela sua beleza, seu sorriso debochado e lindo mostra uma ingenuidade e uma pureza da juventude negra.
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Kate é filha de mãe solteira, não estuda e trabalha informalmente quando há trabalho. Ama a música, a dança que exibe uma sensualidade e pureza de uma jovem da periferia de uma grande cidade. Os sonhos são preenchidos pelo consumo imediato de roupas, perfumes, cabelos e a ilusão de que a juventude é eterna.
O drama de Kate é o drama de milhões de jovens que fazem parte do contingente de pessoas que não estudam nem trabalham. A juventude “nem-nem” do Brasil: fora da escola, desempregada e incompreendida. O termo pelo qual é rotulada – “nem-nem” – define os jovens de forma negativa. Provém de “nem estudam nem trabalham”.
A maioria dos “nem-nem” é de mulheres: A representação típica não é um jovem inepto ou criminoso. Ao contrário, é uma jovem urbana sem diploma do ensino médio. As mulheres representam dois terços da população dos “nem-nem” da região. Na maioria das vezes, tornam-se “nem-nem” em consequência do casamento precoce, da gravidez na adolescência ou de ambos.
A resposta para esses jovens está em estratégias governamentais que mantenham os jovens na escola e que encontrem emprego para os que abandonaram a escola. Precisa de um esforço que reconheça a luta de famílias pretas pela sobrevivência. Precisamos proteger nossos jovens negros.
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