Você já foi a um show em que os cantores eram também intérpretes de libras? A inclusão nesse sentido pode parecer algo que, lamentavelmente, ainda está distante de ser o comum, mas a dupla musical Duelibras tem realizado um trabalho motivador ao mostrar que a música deve realmente ser um elemento a que todas as pessoas podem ter acesso.
Formada pelos músicos Bruno Oliveira e Lucas Brito, a Duelibras nasceu depois de uma conversa da dupla com uma amiga sobre as dificuldades que a comunidade surda enfrenta para se comunicar em sociedade. “Após uma conversa com uma amiga que trabalhava como intérprete de libras, ela nos contou as dificuldades da comunidade surda em se comunicar com as pessoas em hospitais, mercado, farmácia e etc… Nós percebemos que eles se sentem como estrangeiros no próprio país e não tinha entretenimento, além de pouca acessibilidade na arte em geral”, contam.
Notícias Relacionadas
Juliana Alves reflete sobre 21 anos de carreira: "Conquistei respeito e reconhecimento que não tinha antes"
"Aos 50, quem me aguenta?", Edvana Carvalho fala sobre negritude, maturidade e o empoderamento feminino em seu primeiro solo no teatro
Após essa conversa, Bruno e Lucas se reuniram para fazer algo musical com inclusão das libras e com o objetivo de criar entretenimento que também pudesse incluir a comunidade surda, já que Lucas tinha feito na faculdade um trabalho cantando e fazendo libras.
Os artistas já tinham uma carreira musical em andamento. Ambos cantavam como backing vocal para alguns artistas, mas nunca se imaginaram à frente de algum trabalho. “Também tínhamos uma empresa, como sócios, de preparação vocal, onde atendíamos cantores como Fernando e Sorocaba, Ludmilla, Rouge, Vitão, Tília, Dennis Dj e Orochi, dentre outros artistas midiáticos”, detalham.
A dupla conta que seu trabalho tem sido bem recebido pelo público na internet. Eles têm vídeo com mais de um milhão de visualizações. “Estamos extasiados! Nunca imaginávamos ter mais de 1 milhão de visualizações em vídeos e receber tanto carinho de toda a comunidade. Fomos abraçados pelo INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos) que é o maior trabalho realizado para os surdos, referência mundial e estamos ainda como os que sonham”, celebram.
Sobre a possibilidade de um trabalho autoral, Bruno e Lucas revelam que existe um projeto em preparação. “Sim! Temos muita vontade em 2023 de lançar a turnê após lançarmos nosso álbum. Já estamos em processo de composição e faremos algo muito especial”.
Sobre a mensagem que querem passar, os dois reforçam a importância da representatividade. “Quando assistem nossos covers e nossa primeira música, já sentem que tem inclusão até em repertório de diversos estilos. Nós como pretos e homossexuais vivemos na pele a necessidade da inclusão em todas as áreas. Com tudo que já viemos colhendo nesse início do trabalho e os testemunhos de pais que têm filhos surdos e que se sentem já abraçados, o nosso objetivo maior, antes de qualquer sucesso, é ser útil e representativo para todas as comunidades e levantarmos pautas através da nossa arte para reflexão, por conta desse sistema capitalista que nos rouba a atenção do que está acontecendo no mundo a fora”.
Notícias Recentes
OMS mantém status de emergência global para mpox
"Seguimos também batalhando por reparação", diz Anielle sobre desculpas à escravidão do Governo