Por Ricardo Corrêa
Nossa marcha para a liberdade é irreversível. Não devemos permitir que o medo fique em nosso caminho. −Mandela
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Nelson Mandela nasceu em 18 de julho de 1918, na aldeia de Mvezo no Transkei, África do Sul. Em 2009, a Assembleia Geral da ONU escolheu a data como Dia Internacional Nelson Mandela. O herói sul-africano foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz (1993) e eleito presidente da África do Sul (1994). Indiscutivelmente, um homem radical. Nesse aspecto, recorro à reflexão do educador Paulo Freire (1968):
“O radical, comprometido com a libertação dos homens, não se deixa prender em “círculos de segurança”, nos quais aprisione também a realidade. Tão mais radical, quanto mais se inscreve nesta realidade para, conhecendo-a melhor, melhor poder transformá-la. Não teme enfrentar, não teme ouvir, não teme o desvelamento do mundo. Não teme o encontro com o povo.”
Estudou bacharelado em Direito na Universidade de Witwatersrand, e, em 1951, abriu um escritório de advocacia em Johanesburgo. Antes, frequentou as reuniões e cursos do Partido Comunista Sul-Africano, atividades que contribuíram para o desenvolvimento da sua consciência política. Mandela até declarou que, de certa forma, foi influenciado pelos estudos marxistas e que sentia atração pela construção de uma sociedade sem classes. Ele admirava a estrutura e organização das primeiras sociedades africanas do país, pois não havia exploração, nem ricos ou pobres.
Mandela ingressou no Conselho Nacional Africano (CNA), em 1942. A organização defendia os direitos do povo africano, e atuava no campo constitucional: formulando petições, encaminhando demandas etc. Anos mais tarde, foi eleito para a executiva do CNA. O Partido Nacionalista chegou ao poder, em 1948, e transformou o apartheid em lei; os brancos e os negros deveriam viver em áreas separadas, os espaços públicos teriam instalações distintas: banheiros para negros, banheiros para brancos, bebedouros para negros, bebedouros para brancos, escolas separadas, casamentos interracial proibido, entre outras políticas racistas.
No dia 21 de março de 1960, ocorreu o Massacre de Shaperville que resultou em 69 pessoas mortas e mais de 180 feridos. Os negros protestavam contra a Lei do Passe, que obrigava a portarem cartões com registro oficial informando se poderiam transitar naquela área que se encontravam, e qual o período permitido. Os policiais responderam com brutalidade. Diante desse fato, Mandela optou pela luta armada e convocou manifestações em massa, entrou para a clandestinidade, usou disfarces, organizou reuniões secretas. No movimento do manifesto armado, escreveu “no início de junho de 1961, após uma longa e ansiosa avaliação da situação sul-africana, eu e alguns colegas chegamos à conclusão de que, como a violência neste país era inevitável, seria irrealista e errado que os líderes africanos continuassem a pregar a paz e a não-violência, numa altura em que o Governo responde às nossas exigências pacíficas com a força”.
Depois de ser acusado de violação da Lei de Proibição do Comunismo, de atividades contra o governo, de incitação à greve, e viagem sem passaporte válido, Mandela acabou sendo preso. Em 1964, o condenaram à prisão perpétua por planejar invasão armada e pelo crime de sabotagem; a pena começou a ser cumprida na Ilha Robben. Incontáveis mobilizações e campanhas exigindo a sua liberdade explodiram na África do Sul e no mundo. Em 1985, recebeu a proposta de liberdade condicional desde que renunciasse a luta armada. Ele negou. No dia 11 de fevereiro de 1990, recebeu a liberdade e pouco tempo depois as leis racistas foram abolidas. Nelson Mandela morreu no dia 05 de dezembro de 2013, mas as suas lições continuam eternas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOEHMER, Elleke. Mandela: O homem, a história e o mito. Tradução: Denise Bottmann. Porto Alegre, RS: L&PM, 2014.
MANDELA, Nelson. Autobiografia de Nelson Mandela – Um longo caminho para a liberdade. Lisboa: Planeta, 2009.
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