O incidente envolvendo as celebridades afroamericanas Will Smith e Chris Rock durante a cerimônia da entrega do Oscar, entre tantas outras considerações, também serve para revelar boa parte da natureza humana no campo das avaliações de comportamento social, questões éticas e morais e afins.
Há quem diga que Will Smith teve um ímpeto sobretudo “previsível” ao “defender a honra” de sua esposa, a atriz Jada Pinkett Smith, alvo de uma piada algo questionável, oferecida pelo astro do stand-up afro-americano, à respeito de sua aparência física.
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Há quem diga que a agressão contra o comediante foi desproporcional e até mesmo criminosa, já que piadas escrachadas fazem parte do repertório de qualquer profissional do riso, principalmente no segmento de show business dos Estados Unidos.
O gesto intempestivo explodiu em opiniões das mais diversas nas redes sociais, com um forte viés de comentários e postagens em defesa de Chris Rock. Os dias seguintes foram de uma avalanche de pessoas anônimas e formadoras de opinião condenando de forma veemente a ação protagonizado pelo multimidiático ator de 53 anos.
Ao que tudo indica, a carreira de Will Smith entrará em um declínio considerável, levando-se em consideração as circunstâncias que o levaram a concretizar o seu gesto, a repercussão global de sua decisão e as consequências inevitáveis da cultura do cancelamento que passou a monitorar ideias, palavras e atitudes de pessoas de alta visibilidade no mundo virtual e no mundo concreto.
Pouco valerá, para os “julgamentos de janela” de plantão, qualquer análise que se faça dos elementos diretos e indiretos que motivaram o ator a ultrapassar os limites do razoável para extravazar algum fator emocional reprimido e espantar uma plateia de milhões de pessoas quase que simultaneamente em todo o planeta, no dia 27/03/2022.
Chris Rock, por sua vez, em algum momento, se manifestará publicamente sobre o triste episódio. Os comentários pós agressão apontam que ele tem uma boa parte da opinião pública a seu favor. Pelo menos essa é a leitura que se observa nos maiores canais de imprensa dentro dos Estados Unidos e em muitos outros países.
A atriz Jada Pinkett Smith, o pivô de toda a polêmica naquela noite de gala, talvez seja a pessoa menos considerada nesta controvérsia, já que à ela e sobre ela foram feitos os comentários pretensamente engraçados e ditos por Chris Rock na transmissão mais assistida do mundo naquele momento.
As consequências aos envolvidos neste incidente ainda são uma incógnita.
Veremos algum impacto na forma como comediantes se comportarão como mestres de cerimônias, em eventos midiáticos futuros? Será que o próprio Chris Rock fará uma reavaliação sobre o que seja ou não razoável de se expor sobre alguma condição específica de qualquer pessoa? E o Will Smith? Vai conseguir resgatar o respeito e a reputação de que ele desfrutava, antes de seu gesto impulsivo? Perguntas…
Mas o tempo é um senhor remédio. E esta talvez seja uma hora pouco adequada para não sermos sensíveis com Chris Rock, não sabermos o que Jada Pinkett Smith tem a declarar e, muito menos, jogarmos pedras moralistas e igualmente agressivas sobre o já debilitado Will Smith.
Que atire a primeira pedra quem não tiver ou nunca teve aquele seu momento “Maluco no Pedaço” na vida.
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