Programa da ONU estabelece metas para empresas aumentarem o quadro de mulheres e pessoas negras em cargos de alta liderança

A Rede Brasil do Pacto Global da ONU anunciou na última terça-feira (20) a ampliação do programa Equidade é Prioridade, que agora terá duas versões: a de equidade de gênero e a étnico-racial, essa com parceria com o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT). A iniciativa, que começou em 2020, visa capacitar as empresas e convidá-las a assumir compromissos públicos pela equidade, com foco em mulheres e pessoas negras em cargos de alta liderança. O movimento é global, acontece atualmente em 40 países, mas o programa focado em metas étnico-raciais é inédito e ainda exclusivo do Brasil.

Apesar de representarem 56% da população brasileira, as pessoas negras ocupam apenas 4,7% dos cargos de liderança entre as 500 maiores empresas do país. Por isso, o Pacto Global se uniu ao CEERT para essa nova edição do Equidade é Prioridade, na busca por mudar esse cenário de exclusão e desigualdade racial, com o investimento em ações afirmativas para garantir oportunidades iguais.

Com o Equidade é Prioridade étnico-racial, as empresas podem assinar compromissos com metas que serão definidas e participarem do programa de capacitação e mentoria, que terá 10 meses de duração. As organizações farão o Censo da Diversidade, com objetivo de identificar as principais lacunas de diversidade da empresa (não somente a de equidade racial) e depois será criado um plano de ação.

Essa nova fase da iniciativa se soma com o Equidade é Prioridade Gênero, que começou no ano passado e tem o seu primeiro ciclo terminado em maio de 2021. Quinze empresas participaram do programa de capacitação. Outras 24 organizações assumiram o compromisso no Brasil, com metas de 30% de mulheres em alta liderança até 2025 ou 50% até 2030, são elas: Uber, Pespsico, BRF, Special Dog, Malta Advogados, PWC, BRK Ambiental, Braskem, Schneider Eletric, Movida, Machado Meyer Advogados, Editora Brasileira, Mosaic Fertilizantes, VLI, Talenses Group, Grupo Boticário, Stocche Forbes Advogados, Inoar, Furnas, Fundação Dom Cabral, Blend Edu, Eletrobras, Falconi e SAP.

Sabemos que ainda falta muito, mas a primeira turma de capacitação do Equidade é Prioridade para mulheres em alta liderança nos mostrou um caminho importante. O setor privado brasileiro está cada vez mais maduro quanto à diversidade, mas necessita aumentar e acelerar. É importante ampliarmos os compromissos públicos sobre equidade. Identificamos também que as empresas precisam dar mais oportunidades para pessoas negras em cargos de liderança e se comprometerem com elas. Só assim vamos produzir o impacto que desejamos na sociedade”, afirmou Carlo Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global da ONU.

Relatório do Fórum Econômico Mundial estima que seriam necessários 267 anos para eliminar as desigualdades econômicas de gênero, se continuarmos no ritmo atual de progresso. O Equidade é Prioridade oferece uma solução completa para as empresas realmente atingirem metas ambiciosas, por meio de compromissos, e também com um programa de capacitação, mentoria e advocacy, que oferece orientação prática de como seguir nessa jornada para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em especial a meta 5.5 da Agenda 2030, que exige a total participação e oportunidades igualitárias na liderança, incluindo na vida econômica.

Para Daniel Teixeira, diretor executivo do CEERT, o lançamento do Equidade é Prioridade é de grande relevância por reunir duas instituições com atuação importante no campo da equidade no trabalho.

O Pacto Global das Nações Unidas vem fazendo o engajamento de empresas em temas e princípios de interesse público mundialmente desde o ano 2000. Já o CEERT promove a equidade racial no Brasil e outras dimensões de equidade nas relações de trabalho há 30 anos. Isso fará com que empresas verdadeiramente interessadas em promover políticas e práticas de equidade racial façam sua adesão e integrem essa iniciativa tão importante“, disse.

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