A importância do casamento afrocentrado em “Todo mundo odeia o Chris”

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A importância do casamento afrocentrado em “Todo mundo odeia o Chris”
Imagem/Reprodução

Nos episódios que exploram a demora de um dos filhos para chegar em casa, Julius (Terry Crews) e Rochelle (Tichina Arnold) não precisam de nenhum diálogo expositivo sobre os perigos de ter uma criança negra perdida na cidade. Ambos possuem protocolos para cada situação potencialmente perigosa: membro da família parado pela polícia, se perder em um bairro branco, se comportar em festas, na escola, e outras situações onde o racismo fala alto.

O casal não precisa dar aula sobre as dores de ser quem são porque sabem exatamente o que falar e como agir um com o outro por causa do laço ancestral em comum que supera qualquer palavra.

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Se um dos indivíduos do casal fosse branco, toda a narrativa da série seria esvaziada. Eles são o norte dos filhos e através de suas vivências é possível compreender a sobrevivência da prole. A obsessão por economia doméstica de Julius é muito mais medo de ver a família passar necessidade do que simples “pão durice”.

Rochelle não abre mão de fazer o cabelo, comprar chocolates caros, ou ficar ao telefone por longas horas, mas isso não gera crises incontornáveis. Ela é severa e está sempre preocupada com problemas comuns à juventude negra, como gravidez na adolescência e violência policial. Ele é uma barreira de proteção, acionado pela matriarca em último caso. Como precisou defender Chris das ameaças de um criminoso.

Na mesa de jantar casal conversa com olhar. As subjetividades que os tornam únicos foram forjadas por eventos em comum que perpassaram suas vidas, os preparando para aqueles momentos, como casal e como pais.

Julius e Rochelle acreditam que o filho nem  precisa aguentar até o final para que possa se fortalecer para um mundo cruel com gente preta. O equilíbrio entre os dois é reforçado pela química dos atores em cena, mas o roteiro é genial ao entregar com sutilidade momentos de companheirismo em que o abraço de Julius supre sua falta de articulação com as palavras e consegue fazer com que a sempre agitada Rochelle compreenda os gestos.

Ela entende que seu marido aprendeu a demonstrar afeto garantindo pão na mesa. A dureza pode autodefesa e defesa dos seus. A pele fala.

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