Segundo o Departamento Penitenciário do Ministério da Justiça 773 mil pessoas compõem a população carcerária, já de acordo com o Conselho Nacional de Justiça esse número é um pouco maior, sendo 812 mil pessoas. Esse número poderia representar a população de um município brasileiro, mas representa todas as pessoas em situação de cárcere
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Em entrevista ao Ponte Jornalismo, o cineasta Anderson Jesus, fundador da produtora Iracema Rosa e do portal Todos os Negros do Mundo, foi o responsável pela produção audiovisual de Depois das Grades, e disse que a série lhe trouxe “um grande aprendizado” ao lhe permitir conhecer ex-detentos que, em diversas ocasiões, haviam passado por experiências que o fizeram lembrar da sua própria vivência de menino negro nascido na periferia. “Eu sabia do impacto das questões sociais nas vidas de pessoas pretas e a relação que isso tinha com a criminalidade, a ação da polícia e o encarceramento em massa, mas nunca tinha visto de dentro. Pela primeira vez eu pensei que poderia ter sido eu. Eu tive oportunidades para entrar na criminalidade e não faltou vontade, pela falta de condições que a gente vivia. Vendo as vidas que elas levam, me identifiquei muito”, revela.
A série semanal conta como oito ex-detentos lidaram com sua vida após a prisão, o Brasil ocupa hoje o 3º lugar no ranking de maior população carcerária do mundo, mas o sistema de “ressocialização” é falho e centenas de milhares de detentos são postos a própria sorte após o tempo de encarceramento. Para provocar esse debate e estimular a busca para solucionar essa problemática a Ponte Jornalismo preparou por dois anos a série documental Depois das Grades, que vai contar a vida de oito dessas milhares de pessoas.
A estreia da série acontece nesta terça-feira (14/12), no site Depois das Grades e no Yahoo Notícias.
Para Antonio Junião, diretor de arte e projetos especiais da Ponte, coordenou a produção da série, e falou sobre a experiência de abordar um assunto tão complexo “foi uma oportunidade de mergulhar a fundo na vida de pessoas que passaram por um dos sistemas mais antigos, desiguais e violentos ainda presentes de nossa sociedade que se pretende moderna: o cárcere”. Segundo ele, mostrar a vida após o cárcere permite “desconstruir esse imaginário racista, misógino e punitivista alimentado pelo Estado, que tem no encarceramento em massa e na guerra às drogas a solução para manter a pirâmide social às custas do silenciamento dos sonhos e esperanças das populações mais vulneráveis”.
A série é uma forma de entender melhor sobre a política brasileira e o encarceramento em massa que atinge em sua maioria pessoas pretas e periféricas, e entender que o sistema de “ressocialização” é praticamente inexistente
Sinopse:
Dividida em oito reportagens e sete minidocs, a série aborda os impactos do aprisionamento em oito vidas, pessoas de perfis variados de raça, classe e gênero, e conta as suas dificuldades que enfrentam para buscar se reintegrar à sociedade, sem qualquer apoio do Estado que um dia os encarcerou. A cada terça-feira, um novo capítulo.
Depois das Grades
Série original – Ponte Jornalismo
Produção Executiva – Iracema Rosa Filmes
Produção Geral – Ponte Jornalismo e TNM – Todos Negros do Mundo
Coordenação Geral de Projeto – Antonio Junião
Coordenação editorial – Fausto Salvadori
Produtor executivo/diretor – Anderson Jesus
Produtora executiva/ assistente de direção – Nidia Gabrielle
Reportagem e Pesquisa – Claudia Belfort
Foto – Daniel Arroyo
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