Lançamento do Selo Sueli Carneiro traz vozes de mulheres quilombolas em coletânea de artigos inéditos

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Lançamento do Selo Sueli Carneiro traz vozes de mulheres quilombolas em coletânea de artigos inéditos

Vozes historicamente silenciadas encontram em Mulheres quilombolas: Territórios de existências negras femininas um espaço para compartilhar saberes a partir da perspectiva de dezoito autoras – pesquisadoras acadêmicas, poetas, ativistas de movimentos sociais e integrantes de instituições que atuam nas muitas causas pertinentes aos povos quilombolas.

As dezoito mulheres que compartilham a autoria da obra nasceram e viveram em comunidades quilombolas espalhadas pelo Brasil, e contribuem com suas reflexões para tecer uma obra polifônica em torno do que é ser mulher e quilombola, racializada e inserida em uma realidade praticamente ignorada pela maioria da população brasileira.

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Com uma pluralidade de eixos temáticos apresentados – de violência doméstica a educação –, as autoras abordam a dureza de uma luta que se estende por décadas, pela reivindicação de ações afirmativas e de direitos básicos, como o reconhecimento de seus territórios, ocupados pelos povos quilombolas desde tempos que se perdem na história deste país.

A narrativa ressalta a urgência de tornar efetiva a legislação já existente que respalda os direitos desses povos, trazendo para a discussão uma pauta lamentavelmente pouco mencionada na mídia e espaços de discussão. Longe de ser uma narrativa conteudista, a explanação em torno da legislação anda lado a lado com reflexões em primeira pessoa das autoras – muitas vezes em diálogo com um corpus teórico que vem a enriquecer o debate –, ressaltando as contradições incontornáveis de ações que envolvem pautas identitárias.

Não escapa às autoras a questão ambiental, uma vez que as mulheres quilombolas desempenham um papel fundamental na produção agrícola em suas comunidades, adotando práticas agroecológicas transmitidas de geração em geração por séculos. Essas mesmas mulheres, muitas vezes assumindo o front na luta pelos direitos quilombolas, também estão inseridas em uma configuração social atravessada pelo sexismo, pelo racismo e pelo preconceito de classe.

Nas palavras da jornalista Flávia Oliveira, no texto de orelha do livro:

Ouvir, ler e estar com mulheres quilombolas é encontrar, experimentar, abraçar a ancestralidade. E beber do passado é inspiração para o presente, combustível para o futuro. Este livro documenta histórias, trajetórias, estratégias de negras brasileiras que, oprimidas, avançaram.

Silenciadas,

avançaram.

Invisibilizadas,

avançaram.

Aquilombadas,

avançaram.

Assim seguiremos, até o bem‑viver.

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