Muita gente, pra variar, não sabe exatamente o que a militância negra quer dizer com apropriação Cultural. Vejo, inclusive, muitos negros perdidos quando se trata desse assunto.

Uma coisa que tem que ser dita, quando falamos de apropriação Cultural, é que assim como o racismo, ela não é algo individual. Não se fala sobre indivíduo e sim sobre o coletivo, sobre a sociedade como um todo.

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Ficando nítido isso, fica óbvio que a Apropriação Cultural não prega a caça às brancas de turbante ou os seguidores de Jah brancos famosinhos do Instagram.

A apropriação Cultural questiona o fato de como a sociedade enxerga esses elementos culturais quando aplicados em negros e quando aplicados em brancos.

Durante muito tempo turbante, Black Power, penteados e roupas características de origem africana foram vistas em negros como algo ruim, feio e condenável.

Já uma mulher branca usando um turbante, uma trança afro ou algo do tipo era visto como algo bonito, empoderador e estiloso.

Note a cor da pele das pessoas com Dread “bonito”

Note a cor da pele das pessoas com Dread “feio”

Além do esvaziamento na hora de se “apropriar” de elementos culturalmente ligados à negritude, que já é algo complexo por si só, a ideia do debate é questionar o que ganham os membros da cultura apropriada com essa apropriação. O que há em troca dessa interculturalidade?

No caso da apropriação Cultural de elementos da cultura negra há o apagamento de significados e a demonização do uso em sua cultura de origem e esse é o problema.

Se utilizar de elementos fortes e significantes de outras culturas apenas como peça de moda e ao mesmo tempo massacrar tal cultura e condená-la quando utilizada por um preto é o problema.

Muitos podem dizer que cultura não tem dono, mas na hora de criticar e estereotipar esses elementos tem dono sim.

 As religiões africanas foram demonizadas por séculos e são até hoje por terem origem negra.

Os elementos, músicas, ritos, roupas e diversas características negras são marginalizadas até hoje e na hora de se criticar reconhecemos os “donos” dessa cultura.

É curioso ler que cultura não tem dono quando se quer pincelar elementos que acham bacana para se utilizar esvaziando de significados.

A militância negra não é fiscal de uso de elementos de cultura negra por brancos, mas se coloca no direito de debater e questionar até que ponto tal tem trazido benefícios ou malefícios para a cultura negra e o resultado tem sido perceptível.

Uma negra de turbante ou cabelo afro é muito mais bem vista hoje do que ontem e é justamente porque existe esse debate, essa militância e esse empoderamento gerado por tal.

Pensem e reflitam sobre isso!!

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