“Todas as nossas coisas estão sendo retiradas, todos os investimentos que fizemos aqui, reforma do teto, colocação de ventiladores, está tudo indo por água abaixo. Nossos investimentos de anos estão sendo levados para o depósito. Esse espaço é muito importante para comunidade negra”. O apelo repleto de dor , que está em um vídeo circulando no Facebook, é de Thayná Trindade, afro-empreendedora e parceira do Instituto Palmares de Direitos Humanos, o IPDH, no Rio de Janeiro (RJ). O espaço recebeu uma ordem de despejo imediata, depois de 30 anos de atividades educacionais, culturais e de negócios, com foco na comunidade negra. Localizado no tradicional bairro da Lapa, o Instituto foi cedido pelo Governo Estadual, sendo uma referência histórica para da população negra e indígena.
A ordem de despejo, baseadas em denúncias de irregularidades no local, foi emitida em Setembro de 2018, pela juíza Neusa Regina Larsen, quando o Luiz Fernando Pezão ainda era Governado do Estado.
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De acordo com a fundadora do IPDH Maria Catarina de Paula, a atual Secretaria de Cultura havia marcado uma visita técnica, com todas as casas de cultura, mas somente o IDPH está sendo despejado. “Esse notícia chegou com a finalidade de nos arrasar, mas não vamos entregar os pontos. O IPDH é de todo o movimento negro.”
O advogado e ativista Bruno Cândido Sankofá explica a situação.
” Enquanto o Estado alega irregularidades no local, os alunos assistidos pelo IPDH demonstram que foram feitas benfeitorias, e que, no episódio de incêndio (em 2010), o governo deixou-os à própria sorte. Com a fragilidade de defesa, presume-se que o processo não andou com a segurança jurídica necessária e ainda, que quanto se envolve políticas públicas, o judiciário, antes deve pensar medidas menos violentas que a desocupação imediata”, atenta Cândido.
O espaço também hospedava o evento Encontro Preto, que se tornou badalado por conta da feira afro que movimenta o afro-negócio além de promover a cultura negra, por meio de atrações artísticas.
“O processo é questionável. Uma liminar que versa sobre imóvel público ocupado com política pública de cultura para jovens, ser expedida sem a oportunidade do contraditório em sede judicial. Um processo que, trata de um questão social tão relevante, sem contraditório, e chancelado pelo judiciário. É preocupante. Do outro lado, alunos desassistidos do instituto, foram os responsáveis por retirar as benfeitorias, que o governo alega não existir, no ato da desocupação forçada. Uma série de contradições precisam ser esclarecidas”, finaliza Bruno Cândido.
A comunidade negra organiza uma manifestação na frente do Instituto, amanhã, 30 de janeiro, às 14h na frente do IPDH, na Av. Mem de Sá, 39, no bairro da Lapa.
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