Na sexta-feira (21) moradores do Jardim Varginha foram ao sepultamento de Vera Lúcia da Silva Santos, a líder comunitária de 64 anos estava desaparecida desde o dia 16 de julho. Dois dias depois, um corpo carbonizado foi encontrado no porta-malas de seu veículo, também incendiado. A polícia trabalha com a possibilidade de o assassinato ter sido motivado pelo dinheiro movimentado pela ONG Auri Verde, liderada por Vera e que gerencia, em convênio com a prefeitura, as creches, um centro para crianças e adolescentes e o espaço para uso da comunidade.
O carro estava a cerca de cinco quilômetros do local de onde ela teria sumido, segundo a investigação. Devido ao estágio de decomposição do cadáver, a polícia teve que realizar um exame DNA para identificá-lo. O resultado só saiu nesta semana. Realmente era Vera.
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Em entrevista à TV Globo, o delegado Marcelo Jacobucci, do DHPP, afirmou que a principal linha de apuração é a saúde financeira da ONG, que movimentava um montante considerável de dinheiro devido aos contratos com a prefeitura. O crime chama a atenção pelo teor do trabalho de Vera. As seis creches possuem capacidade para atender até 1.018 crianças de 0 a 3 anos. Já o centro podia receber até 180 crianças e adolescentes para atividades artísticas e culturais. Ao todo, a entidade emprega 130 funcionários.
Nascida em Taperoá, no sul da Bahia, Vera Lúcia chegou a São Paulo em 1975. Veio para ser empregada doméstica em uma residência no bairro do Paraíso, após trabalhar em uma casa de Salvador.
Vera, que deixou cinco filhos, perdeu a mãe quando tinha apenas três anos. O pai acabou por deixar cada um dos filhos sob os cuidados de uma pessoa na cidade e até os seus 15 anos, Vera pensava se chamar Joana, nome dado pela família adotiva. Ela só veio a descobrir sua identidade quando encontrou um tio. O homem disse que seu nome de batismo era Vera Lúcia, em homenagem à avó, Veridiana, e à mãe, Lucília.
Vera fundou a Sociedade Amigos do Jardim Auri Verde, que nasceu para regularizar loteamentos e pressionar a prefeitura para ampliar o saneamento básico. Em vídeo gravado pela ONG, a líder comunitária afirmou que tudo o que havia conquistado era fruto do trabalho em comunidade: “Eu, Vera, não fiz nada sozinha, não, nós fizemos juntos e juntos, um a um. Juntos, a gente conseguiu.”
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