O relacionamento do campeão do Big Brother Brasil, Davi Brito, com a empreendedora Mani Rego, tem sido pauta recorrente nas redes sociais e nos sites de fofoca desde que o reality show terminou, na terça-feira, 16, por conta das especulações de que os dois não estejam mais juntos, condição que já foi negada pelo próprio Davi. Paralelo a isso, a Mestra e Doutora em Estudos de Gênero, Mulheres Feminismos pela UFBA, Carla Akotirene, publicou um vídeo chamando a atenção para o fato de assuntos como esse tirarem nosso foco de pautas fundamentais para a integridade da população negra.
No vídeo, Akotirene pontuou: “A PEC 45 foi votada no Senado, criminaliza o nosso povo, faz com que a saúde pública e a segurança pública permaneçam como os dois vetores de controle populacional e a gente não consegue se posicionar na rede porque todo nosso fôlego voltou-se para o BBB”, criticou ela.
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A proposta de Emenda Constitucional 45/2023, a que Carla Akotirene se refere, foi aprovada no Senado na última semana e torna crime a posse ou porte de qualquer quantidade de droga ou entorpecente “sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”, de acordo com a Agência Senado. Agora, ela deve seguir para a Câmara dos Deputados. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, colocou a proposta de sua autoria em votação após a repercussão do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que começou em 2015, e que julga se o porte de drogas para consumo próprio pode ou não ser considerado crime. O julgamento está suspenso desde março de 2024 e antes da interrupção, estava 5 votos a 3 para a descriminalização somente do porte de maconha para uso pessoal.
A acadêmica também lembrou da mobilização necessária para que Davi vencesse o BBB 24, mas destacou: “Davi sofreu as consequências do racismo estrutural, nós fomos para cima, houve a justiça dele passar a ser milionário, mas ele não deixou de ser preto e ele vai continuar sofrendo essas consequências. O que não dá é a gente parar nossa vida, deixar de dar atenção a contextos que são realmente relevantes como o contexto da saúde pública e da segurança pública”.
“Uma mulher negra teve a prisão preventiva, acusada de ocultar cadáver, acusada de furto e a gente não conseguiu pautar a seletividade racial porque a gente só fala de BBB, a gente fofoca. Não dá”, lembrou Akotirene, que recentemente lançou o livro “É Fragrante Fojado Dôtor Vossa Excelência”, publicado pela editora Civilização Brasileira e que aborda os procedimentos jurídicos realizados nas audiências de custódia no Brasil, oferecendo uma análise crítica que expõe a institucionalização do racismo e a perseguição punitivista direcionada à população negra.
O trabalho da autora revela como essas audiências de custódia são fundamentais para entender os números alarmantes de encarceramento da população negra no Brasil e isso inclui o caso de Erika de Souza Vieira Nunes, uma mulher negra que levou o tio a uma agência bancária para assinar um contrato de empréstimo e foi presa em flagrante depois que a polícia constatou que homem estava morto. A mulher teve a prisão temporária convertida em prisão preventiva, mesmo com as autoridades não tendo provas concretas de que o homem estava morto antes de entrar na agência, diferente do motorista da Porsche que dirigia bêbado e bateu contra o carro de um motorista de aplicativo, que faleceu no acidente.
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