O projeto “Vida Pós Resgate”, do Ministério Público do Trabalho (MPT) em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), está em fase inicial para assentar trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão em vinícolas no Rio Grande do Sul em fazendas de criação de cabra no interior da Bahia, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo.
O assentamento é o terceiro do projeto iniciado em 2021, que visa reinserir os trabalhadores e suas famílias no trabalho do campo, em culturas orgânicas sem uso de agrotóxicos, e organizados em forma de associações. A renda virá da produção de leite e da venda de carnes. O projeto é bancado com recursos de indenizações por danos morais coletivos das ações judiciais movidas contra as empresas flagradas com o trabalho análogo ao escravo.
Notícias Relacionadas
Leci Brandão celebra 80 anos e cinco décadas de samba em programa especial da TV Brasil
Netflix anuncia documentário sobre trajetória de Mike Tyson
Os trabalhadores serão assentados nas cidades de Serrinha, Conceição do Coité, Monte Santo e São Domingos, na região Sisaleira da Bahia, onde estão concentrados a maioria dos resgatados, principalmente experientes na caprinocultura. A previsão é que pouco menos da metade dos 194 trabalhadores que retornaram ao estado após o episódio no Sul sejam assentados nas fazendas.
O MPT aguarda a assinatura de um termo de cooperação com o Governo da Bahia, que já sinalizou interesse. A assistência social é responsável pela emissão de documentos dos trabalhadores resgatados, que estão sendo acompanhados pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Durante os cadastros nos centros, 77% dos homens que retornaram ao estado se autodeclararam negros.
Uma pesquisa do projeto mostrou que as pessoas continuam em empregos precários após serem resgatadas do trabalho análogo à escravidão. A procuradora Lys Sobral afirma que “mesmo as pessoas capacitadas para o mercado formal não foram absorvidas e, ao procurar empresas para priorizar os resgatados, nada mudou: baixo tempo de empregabilidade e salário baixo, da forma precária de antes”. Entre os baianos que foram encontrados nas vinícolas, apenas sete conseguiram voltar ao mercado de trabalho com carteira assinada até o momento.
O número de resgates de trabalhadores em situação análoga à escravidão na Bahia é o maior dos últimos três anos, com 248 registros dentro e fora do estado em 2023, segundo Admar Júnior, coordenador das ações de pós-resgate da Secretaria Estadual da Justiça. Em todo o Brasil, foram encontradas 918 pessoas em condições degradantes de trabalho entre janeiro e março, o número mais alto registrado em um primeiro trimestre nos últimos 15 anos.
Ao todo, 207 trabalhadores foram resgatados no final de fevereiro, eles prestavam serviço para a empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio a Gestão de Saúde LTDA, responsável pela terceirização dos serviços das vinícolas Aurora, Salton e da Cooperativa Garibaldi.
Fonte: Folha de São Paulo
Notícias Recentes
Trabalhadora negra é resgatada após viver 28 anos em situação de escravidão na casa de vereadora em Minas Gerais
Como os negócios podem ajudar a combater o racismo ambiental?