Nesta semana, a cantora Negra Li denunciou um episódio de racismo que sofreu na loja Aslan Rigor, de vestimentas e aluguel de trajes para debutantes, localizado em São Paulo. Ela relatou que estava acompanhada da filha e de outra adolescente, quando foi ignorada pelas atendentes.
No entanto, muitos comentários nas redes sociais indagaram mais a insatisfação com uma mulher negra que gostaria apenas de fazer uma compra, do que com a própria loja e Negra Li se sentiu pressionada a explicar suas razões pessoais.
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“A minha filha foi convidada a dançar numa festa de 15 anos. A amiga dela alugou a roupa lá e minha filha precisa ir lá buscar. Aproveitei pra ver se tinha as roupas para as amigas de minha filha dançarem na festa dela. É uma roupa específica que se aluga. Peças iguais para apresentação de dança! Não basta passar pelo constrangimento ainda preciso ser questionada o porque estava lá. Triste”, desabafou a cantora nos comentários do Instagram do Mundo Negro.
Entendo que pode haver uma frustração para muitas pessoas, sobre negros e negras continuarem consumindo em lojas com um histórico racista, divulgados na imprensa, como o caso da Zara. Mas as cobranças deveriam ser direcionadas aos estabelecimentos e pessoas racistas. Ou vamos normalizar o sentimento de nos sentirmos culpados por sofrer racismo?
Negra Li não precisava se sentir pressionada a explicar os seus motivos de ir numa loja com a filha, explicar o tipo de festa e o tipo de roupa que gostaria de usar. Os estabelecimentos que devem prestar um bom atendimento para as pessoas negras que desejam consumir ou serem punidos caso isso não seja feito. E não, Aslan Rigor, isso não foi um mal entendido como dito à artista, foi racismo mesmo.
Particularmente, acho legítimo e importante os movimentos que promovem boicotes aos estabelecimentos com o histórico de racismo. Mas não são todas as pessoas negras que desejam ou podem participar. O que não justifica tal cobrança contra uma vítima.
Infelizmente, como ainda não temos uma justiça efetiva no Brasil contra os racistas, o nosso último recurso, muitas vezes, acaba sendo desabafar nas redes sociais e tudo o que poderíamos fazer é acolher.
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