Apesar do IBGE provar com dados que o número de relacionamento intra-racial (de pessoas da mesma etnia) é maior que os inter-racial ( casais de etnias diferentes), existe obviamente uma conta que não fecha e historicamente quem sobra é a mulher negra. Há muito mais mulheres que homens no Brasil, mas as brancas se casam mais que as negras, e entenda-se por casamento, relacionamentos longos e estáveis.
Deixando a frieza dos dados de lado, o que temos por trás deles, são várias narrativas de mulheres negras que lidam com a solidão desde que descobriram o que é o amor. Da adolescente da escola, que sempre foi só a melhor amiga, como caso da Taís Araújo, como a tia da família que você nunca viu namorando ninguém, essas histórias precisam ser contadas para provocar uma reflexão sincera sobre a neutralidade ou não na escolha dos parceiros e no caso da web-série “A Face Negra do Amor”, de como o racismo afeta a vida amorosa das mulheres negras.
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“Para curar a solidão que senti como mulher e negra, usei da arte como um trampolim para sair do buraco. Por conta da dor que sentia juntei cinco mulheres de idades e universos diferentes em casa. Todas negras. Para falar da forma como lidamos com o amor. E percebemos o quanto o racismo interferia nas nossas relações intra e interraciais. Como essa doença social por vezes determinava o rumo de nossos sentimentos. Uma doença que afeta homens e mulheres. Negros e brancos”, explica Tatiana Tiburcio, diretora, atriz e idealizadora do projeto, vencedora do Prêmio Movimento Criativos com parceria do Itaú Cultura e indicada ao Prêmio Shell 2015 como melhor atriz.
Ela também participou da produção do seriado global Suburbia, protagonizado por Erika Januza que também participa da web-série que já foi filmada, mas precisa de ajuda para concluir a pós produção.
Quem quer ouvir as mulheres negras?
A Face Negra do Amor não tem esse título por acaso. Por meio da história dessas personagens, de idades, realidades sociais e culturais diferentes, todas as problemáticas da solidão negra, tema de livros, reportagens e muito textão no Facebook, finalmente ganharão rostos e emoções.
“Nossa voz precisa ser ouvida. Não como discurso, somente, mas de dentro, do choro no travesseiro, do respirar fundo dentro do elevador, do choro engolido antes do trabalho, no silêncio acompanhado daquele que está do seu lado mas a verdade, não está ali. Percebi a necessidade de procurar se amar e encontrar esse caminho pela nossa fala. Por uma fala que nos traduza. Mostrar nossa cara, a face negra amor”, reflete a diretora.
Financiamento coletivo:
Projetos afro-centrados padecem para ser implementados por falta de investimento. O trabalho de Tatiana e equipe não poderá ser concluído sem ajuda para que ela possa continuar o processo de pós produção, como montagem e finalização.
A campanha com doações a partir de R$25 está na plataforma de financiamento coletivo Benfeitoria (clique aqui).
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meu medo é que no final fique no nível dos relacionamentos interraciais, e se esqueça da família negra. não levo fé.
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