“É o terceiro ano que participo da Feira Preta e depois dessa edição mais do que nunca quero voltar todas as vezes possíveis, tenho muito a agradecer à todos, desde a Adriana até o segurança da portaria que tiveram o maior cuidado para que tudo desse certo, isso só serve pra nos fortalecer mais e mais!!”.Essa foi uma das quase 250 manifestações de apoio à Feira Preta, dentro de uma nota oficial no Instagram do evento, contestando informações postadas pelo jornal Estadão, onde em sua coluna “Direto da Fonte”, assinada pela jornalista Sonia Racy, o jornal afirm que o evento teria sido um fiasco e que a fundadora, Adriana Barbosa, teria responsabilizado à Secretaria de Cultura por isso.
O episódio que gerou essa confusão, foi uma série os problemas técnicos que impossibilitaram a realização do show da cantora Elza Soares, principal atração do evento, que aconteceu entre os dias 19 e 20 de novembro na cidade de São Paulo, e que teve um público recorde de mais de 50 mil pessoas.
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“Ontem, foi com um misto de tristeza e incredulidade que li uma nota em um dos maiores veículos de comunicação do país, reportando que a Feira Preta foi um fiasco e creditando aspas que não foram ditas por mim. Não conhecem o evento. Não procuraram a Feira Preta pra apurar a informação que tinham. É inacreditável”, relata Adriana.
A fundadora da Feira Preta, evento que completou 17 anos, em 2018, afirma que sem o apoio da secretaria da cultura, a viabilização do evento seria complicada.
“Desde o ano passado, estabelecemos uma parceria de realização com a Secretaria de Cultura do Município de São Paulo, no intuito de viabilizar o que na perspectiva financeira da Feira Preta não era mais possível, pagar por uma locação de espaço. “
Se a jornalista do Estadão criticou o evento sem falar com os envolvidos, o Secretário de Cultura André Sturm teve um espaço para dar sua opinião sobre os problemas técnicos do show da Elza Soares, momento onde Adriana, de acordo com a nota teria dito: “Quando é para preto é isso que recebemos”, fato que a fundadora nega.
Sturm se defende: ““Este ano apoiamos com recursos financeiros, humanos e um espaço privilegiado, a Praça das Artes. Acho triste misturar falhas técnicas com questões sociais”.
Ainda sobre o texto do Estadão, Adriana acredita que a distorção dos fatos do jornal aconteceu por questões raciais. “Essa narrativa de escassez em não reconhecer a nossa abundância, a nossa potência, desrespeita o trabalho de mais de 50 pessoas envolvidas na cadeia de produção, majoritariamente preta.”
Feira do tamanho da Virada Cultural
“Embora tenhamos pedido outros espaços, a Praça das Artes foi o único espaço cedido sem o pagamento do aluguel. É um local que tem limite de lotação e que está localizado na região central de São Paulo, que possui toda a sua complexidade e diversidade que todo centro de uma grande metrópole possui”, detalha Adriana.
“A edição deste ano teve sim um desafio maior, um dos maiores de toda a sua existência de 17 anos, pois teve uma enorme repercussão na mídia, foram mais de 100 aparições em veículos de todos os tamanhos, inclusive no Jornal Nacional. Isso possibilitou a mobilização de mais de 50 mil pessoas. E receber mais de 50 mil pessoas não é uma tarefa fácil, pois exige uma infraestrutura maior que o investimento realizado”, revela Adriana que acrescenta. “Essa quantidade de público é perfil de Virada Cultural e outros grandes eventos, que normalmente contam com maiores patrocínios do que a Feira Preta recebe”.
“A Feira me quebrou financeiramente”
Mesmo sendo uma referência sobre afro-empreendedorismo, Adriana Barbosa é muito transparente sobre a forma como a Feira lhe rendeu um enorme prejuízo, depois que um patrocinador a deixou na mão. “ Depois da realização da Feira Preta de 15 anos, em 2016, quebrei financeiramente porque patrocinador retirou o patrocínio às vésperas do evento, quando muitas coisas já estavam contratadas. Remodelei a Feira Preta para ocupar a cidade de São Paulo, pensando em levar os conteúdos que fazem parte da programação para lugares já estruturados para recebê-las, diferentes dos pavilhões, e trabalhar com mais foco a comunicação de cada edição. Já se passaram dois anos, e eu ainda estou pagando os prejuízos de 2016. E por isso, a entrada da Secretaria de Cultura como uma das realizadoras foi fundamental para que pudesses fazer as duas últimas edições”.
Sobre valores, a fundadora revela que o evento tem um orçamento superior a R$600 mil. “A Secretaria viabiliza a metade, na contratação de infraestrutura (palcos, geradores, banheiros químicos, posto médico, limpeza, equipe de segurança entre outros), assim como na obtenção da legalização e autorização do evento junto aos órgãos públicos”.
A Feira Preta tem a responsabilidade de fazer a contratação de toda a programação, da montagem dos expositores, da comunicação e de toda operação de produção executiva, com suporte de recursos de patrocinadores.
“O investimento neste novo modelo é feito de forma equilibrada, ou seja, cada um paga 50% dos custos”, diz Barbosa.
Números impressionantes, conteúdo ainda mais impressionante
Adriana finaliza a entrevista, dando um panorama da dimensão da Feira Preta 2018.
“Uma narrativa potente como a Feira Preta, que este ano realizou 10 dias de programação, ocupando mais de 10 lugares diferentes na cidade de São Paulo (Sesc 24 de Maio, Instituto Tomie Ohtake, Instituto Moreira Salles, Matilha Cultural, Praça das Artes, Largo São Bento, Praça da Patriarca, Avenida Paulista, Praça das Artes, Boulevard da Avenida São João e Theatro Municipal de São Paulo).
Foram mais de 40 palestrantes de diversas partes do mundo (Londres, Escócia, Estados Unidos, Somália, Jamaica, entre outros) e mais de 40 atrações culturais e artísticas, incluindo programação com espaço infantil, shows, performances, mostra de cinema negro, apresentações de teatro, aula de yoga, danças, entre outras atividades, não pode ser silenciada. Não pode ser “não ouvida” diante de afirmações tão fortes.
A 17ª edição da Feira registrou recorde de público, com mais de 52 mil pessoas presente, a participação de mais de 120 empreendedores de diversos Estados (como Bahia, Recife, Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília) e uma circulação monetária de mais de R$ 700 mil reais (nos três dias de feira na Praça das Artes).
Empreendedores que passaram por um processo de imersão criativa no desenvolvimento de produtos em 6 estados diferentes para que pudessem trazer o melhor de sua criação e produção, para o escoamento na Feira Preta e no Marktplace junto com o Mercado Livre”.
Vale lembra, que além desse rico cardápio cultural e grande oferta de produtos de empresários negros, a instituição Feira Preta, lançou um estudo junto ao Instituto de Pesquisa Locomotiva sobre Consumo e Empreendedorismo Negro em território Nacional.
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