A Prefeitura Municipal de Salvador anunciou nesta tarde de sexta-feira (19) o lançamento do projeto ‘Salvador Capital Afro’. Descrito como inovador, o movimento pretende posicionar a capital baiana como referência do Turismo Étnico-Afro nacional e internacional. O projeto será feito por meio da valorização de manifestações culturais, do potencial criativo, da força das tradições, tecnologias ancestrais e incentivo ao Black Money, movimento que favorece negócios entre pessoas negras.
Salvador é uma cidade eminentemente negra, com histórico afro em cada canto, mas é importante citar que a classe dominante, os que celebram as grandes fontes de renda, seja com cultura ou turismo, ainda não são os trabalhadores e idealizadores pretos. De acordo com o órgão Iniciativa Negra, mesmo representando mais de 80% dos habitantes da capital baiana, a população negra é a mais atingida pela desigualdade territorial e de violência na cidade. Os números relacionados ao desemprego também são maiores entre a comunidade preta da capital.
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Segundo os organizadores do ‘Capital Afro’, visando atingir os empreendedores negros, o projeto está alinhado ao propósito de fortalecimento e projeção desses grupos. “Todo projeto Salvador Capital Afro é atravessado por um princípio de priorizar a mulher negra, a empreendedora na cidade por uma questão histórica e por também agregar a riqueza cultural nesses saberes que elas trazem a partir do seu ofício“, destaca Mylene Alves, líder de comunicação do movimento. “Por isso, no Salvador Capital Afro, essas mulheres são privilegiadas no que dizem respeito às vagas de capacitação. Existe um local especial, uma área especial para as baianas de acarajé na plataforma Afrobiz, assim como há ações específicas de fomento e mentoria dessas afro empreendedoras, assim como distribuição de novos equipamentos de trabalho e utensílios para elas.
“Nós somos a cidade mais negra fora da África, 83% da população de negros e pardos. Esse é, sem sombra de dúvida, o nosso principal diferencial“, disse Bruno Reis, atual prefeito de Salvador, durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira (19). “A gente encontra no mundo cidades que tem uma rica gastronomia , que tem belezas naturais como nós temos, a baia de Todos os Santos, uma cidade que tem o povo como o nosso. E esse é o nosso principal ativo. É a partir daí que nos estamos enfatizando com esse movimento , um movimento que vai projetar a nossa cidade, que será apresentada para os brasileiros e para o mundo como a capital afro”.
Vertentes do Afroturismo
O contato inicial do público com o movimento Salvador Capital Afro acontecerá em cinco territórios estratégicos do município: Centro Histórico, com destaque para as belezas e a riqueza do Pelourinho, Liberdade/Curuzu, Rio Vermelho, Itapuã e Ilha de Maré. Ainda integram as ações do projeto um festival inédito, que deverá ser anunciado nos próximos meses, ações de reconhecimento a eventos, ações ou empreendimentos que representem a cultura afro da cidade e a ação Baiana Legal, uma iniciativa de fortalecimento e visibilidade das baianas de acarajé em atividade em Salvador.
“Me orgulho em dizer que este projeto visa fazer a reparação da população negra no eixo turístico de Salvador. Uma comunidade que é a cara da Bahia, a cara do Brasil, mas que de algum jeito, este fator não se revertia na forma econômica e na valorização da nossa cultura”, destaca Ivete Sacramento, secretária Municipal da Reparação. “Então, esta iniciativa quer mostrar como Salvador é vista e como ela deve ser vista a partir de seu elemento básico, que é o fato de 82% da sua população ser negra”.
O projeto busca alavancar o Afroturismo, vertente responsável por oferecer experiências turísticas afro centradas, que valorizam a história e a cultura negra em todo o mundo.
“Ao receber mais turistas interessados nessas experiências, vamos fazer mais dinheiro circular entre os afroempreendedores e girar uma roda de prosperidade para esta população, que inclui a melhoria dos seus negócios e da qualidade de vida, combatendo as desigualdades históricas que perduram até hoje“, assegura Reis. Dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) revelam que, atualmente, 49% dos negócios no país são comandados por negros. Entre os estados brasileiros com maior proporção de pretos e pardos donos de negócios, está a Bahia, com 12%.
O projeto está alinhado ao propósito de fortalecimento e projeção do Plano de Ação do Turismo Étnico-Afro de Salvador (TEA), que tem como missão ampliar a oferta de trabalho, emprego e renda, bem como criar valor e relevância para empreendedores negros.
O Salvador Capital Afro é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Salvador, através da Secretaria de Cultura e Turismo, no âmbito do PRODETUR Salvador, em parceria com a Secretaria da Reparação.
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