O amanhecer do dia 31 de outubro de 2022 traz consigo uma aura de alívio que o povo brasileiro desejava sentir há muito tempo. Afastar Bolsonaro do Presidência da República era o objetivo comum de mais de 60 milhões de brasileiros, que conquistaram este feito de forma democrática nas urnas.
No entanto, este novo dia também traz consigo as perguntas desconfortáveis que a gente precisa fazer para entender como a esquerda e, notadamente, o Partido dos Trabalhadores, vai enxergar a presença de pessoas negras em seu governo.
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Em seu discurso de vitória, tanto no primemiro momento do resultado da eleição quando na Avenida Paulista, Lula citou a questão racial e seus compromissos, por exemplo, em criar um Ministério dos Povos Originários, para tratar a questão dos povos indígenas como prioritária em seu governo. O presidente eleito também deve recriar o ministério da Igualdade Racial e devolver à Palmares a respeitabilidade que ela merece e que foi deturpada pelos anos de Bolsonaro no poder.
Agora, no entanto, começando as articulações em torno de nomes técnicos e políticos que devem ocupar a Esplanada dos Ministérios, fica a questão: qual será o lugar das pessoas negras no governo Lula? Passados 20 anos da primeira experiência de Lula como presidente da República e da primeira formação de governo onde apareceu a Seppir (Secretaria Especial de Promoção de Políticas da Igualdade Racial), é impossível continuar pensando a presença de negros e indígenas no governo apenas em pastas específicas da temática racial.
Nomes técnicos com grande capacidade, inclusive formados a partir de políticas promovidas pelos governos do PT, além de figuras que se formaram na política, na academia e no mercado bem antes dessas políticas, têm plena capacidade para atuar nas pastas da Economia, Educação, Saúde, Comunicação e em todas as frentes de cabo a rabo da Esplanada.
É dever deste governo, eleito com os esforços dos pardos, pretos e indígenas deste país, valorizar pessoas negras que possam ser viáveis como candidaturas para as eleições de 2026. Isso passa por dar, na estrutura do governo, condições para que pessoas negras com capacidade técnica e política desempenhem um bom trabalho na construção de um governo desejado por 60 milhões de brasileiros e importante para toda a nação.
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