Foi em 2007 a primeira vez que a revista Veja deu destaque cotas raciais em universidades públicas, usando o caso dos irmão gêmeos onde um conseguiu uma vaga como cotista e o outro não, para defender a tese complicadíssima de que raça não existe. Essa corrente “somos todos humanos” de pensamento, vem sempre à tona no Brasil, quando um grupo tradicionalmente oprimido reivindica algum direto. Se cientificamente a raça é única, socialmente sabemos que é bem diferente.
Voltando ao semanário mais lido do Brasil, a capa dessa semana fez qualquer um que conhece o histórico da revista da editora Abril arregalar os olhos. Se em edições passadas sobre ações afirmativas os destaques eram fotos como essa abaixo , onde ações afirmativas eram vistas como separatistas e não inclusivas, a edição de 16 de agosto prova com várias pesquisas e análise de desempenho de 300 diplomados, que as cotas favorecem não só a comunidade negra.
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A premissa da reportagem é que os mitos que ferveram durante a implementação das cotas na UERJ em 2002, foram somente isso, mitos. O texto assinado por Luisa Bustamente , Maria Clara Vieira e Rita Loiola revela uma pesquisa feita pelo Insper que mostrou que a nota dos aprovados sem cotas eram, em média apenas 5% maior, do que os não cotistas , isso inclui cursos de medicina em faculdades públicas. Todos os números da matéria mostram desvantagens quase irrisórias. No que diz respeito a desistência dos cursos, os cotistas são a maioria a concluir o curso.
Vale comprar, ler e guardar a revista que comprova algumas informações que a revista Istoé já trouxe em 2013, mas com dados mais consolidados e muitos personagens que só comprovam o que a maioria de nós negros já sabíamos. A cota pode não ser a melhor solução, porém sem ações afirmativas talvez os 430 mil negros que estudam em universidades públicas, não poderiam nem sonhar com a vida acadêmica. Ganha a comunidade negra, mas sobretudo o pais.
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