A poucos metros da Faculdade Zumbi dos Palmares, no bairro do Bom Retiro, está localizada a Rua Jorge Velho, ponto de passagem de alunos da instituição. O que muita gente não sabe é que essa rua esconde a história de um genocida, assassino de negros, negras e povos originários, tornando essa menção um desrespeito e insulto a memória ancestral da comunidade negra. Domingos Jorge Velho foi o bandeirante que comandou a invasão ao Quilombo dos Palmares na Serra da Barriga que culminou com a morte de centenas de pessoas, além da morte de Zumbi dos Palmares.
Após a descoberta da nomenclatura dessa rua, alunos da Faculdade Zumbi dos Palmares se reuniram para criar o Movimento Zumbi Resiste, com o objetivo mudar o nome da rua de Jorge Velho para Zumbi dos Palmares, além de transformar o local em um espaço de ocupação contínua para realizações de atividades afrocentradas como um símbolo de resistência. Hoje, o projeto está registrado na Câmara de Vereadores de São Paulo e tramita nas comissões necessárias para sua validação até chegar a fase final da votação na plenária.
Notícias Relacionadas
Leci Brandão celebra 80 anos e cinco décadas de samba em programa especial da TV Brasil
Netflix anuncia documentário sobre trajetória de Mike Tyson
Ainda como mote de mobilização foi feita uma petição online que segue angariando assinaturas com o objetivo central de ampliar o alcance e importância da ação.
Segundo o aluno da Faculdade, Lucas Carvalho, o apoio de toda comunidade é de grande importância, inclusive pelo momento histórico que o país vive. “É importante contar com o apoio de toda população para expor o assassino Jorge Velho e fazer justiça por Zumbi dos Palmares, que foi importante para a libertação de milhares de negros”.
A história de Jorge e Zumbi
Zumbi dos Palmares nasceu na Serra da Barriga e se tornou líder do Quilombo dos Palmares, tornando-se símbolo de resistência contra a opressão portuguesa. Denominado “O senhor das guerras”, Zumbi foi responsável pela libertação de um incontável número de escravos, se apoderando também das armas e munições, que posteriormente eram usadas na defesa do quilombo. Zumbi virou assim uma lenda entre os afrodescendentes que viviam no país, criando inclusive o mito de que seria imortal.
Foi então que Domingos Jorge Velho recebeu a incumbência de destruir o Quilombo dos Palmares, em troca de dinheiro e terras. Velho e sua tropa comandaram diversos ataques ao Quilombo dos Palmares com métodos altamente brutais e sendo descrito por pessoas da época como “um dos maiores selvagens que já haviam visto”. Até que em 1694, as tropas de Jorge Velho, com mais de 6 mil homens, obtiveram êxito e promoveram um verdadeiro banho de sangue no Quilombo dos Palmares, assassinando a maior parte da população que ali vivia e prendendo mulheres e crianças.
Zumbi, mesmo ferido, conseguiu escapar da invasão e em 20 de novembro de 1695 foi apanhado em seu esconderijo, sendo morto pelas tropas de Jorge Velho que dias depois expressou em ofício a Sua Majestade que Zumbi havia sido morto por uma partida de gente do seu terço. Após isso, a cabeça de Zumbi ainda foi cortada, salgada e exposta em praça pública para que fosse usada como exemplo a todos os afrodescendentes da época.
Notícias Recentes
Trabalhadora negra é resgatada após viver 28 anos em situação de escravidão na casa de vereadora em Minas Gerais
Como os negócios podem ajudar a combater o racismo ambiental?