Criar crianças em meio a uma conjuntura que desafia nossa crença na continuidade de condições minimamente adequadas de vida é um exercício diário de fé. Mas talvez seja a existência de nossas crianças que nos permita ainda sonhar um amanhã e não sucumbir em meio às dores.
Sem romantizar o nascimento de pessoas como algo que por si só soluciona a vida das pessoas, não podemos, também, nos render à frieza ocidental que tenta nos dizer que crianças não fazem diferença. Todo mundo que escolheu viver e conviver com essas pessoinhas sabe – e muito – o potencial transformador que o simples anúncio da chegada de uma vida nova tem.
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Ter uma criança como sua responsabilidade, afeto, companhia e continuidade é a certeza de que nada é garantido, mas de que a jornada tem um valor especial, um motivo a mais. Por vezes, somos impelidas a abraçar a rejeição às crianças como algo interessante.
Se fala em proibir a presença dos pequenos em restaurantes, lojas e hospedagens com uma naturalidade assustadora. Será que pensariam ser aceitável proibir escancaradamente a presença de idosos, pessoas com deficiências ou ainda pessoas negras e mulheres, por exemplo?
O ódio às crianças – ficou forte escrever assim, né? Mas é isso o que é – é uma armadilha ocidental que prega que devemos ser produtivos à toda prova, que não podemos ter filhos e muito menos priorizar nossas crianças nas nossas decisões diárias. No entanto, eles garantem bem – e muito bem – que seus filhos estejam nas melhores escolas, com as melhores oportunidades e absorvendo seus valores.
Não acreditemos que defender nossas crianças seja uma pauta “conservadora”. Só existirá um amanhã nosso, se nossos pequenos existirem e acessarem valores capazes de resgatar o que era importante para os nossos ancestrais. Longe de armadilhas retóricas embaladas de liberdade.
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