Durante sua participação no programa “Saia Justa”no GNT, a cantora Vanessa da Mata afirmou que demorou a se reconhecer como uma mulher “preta”. “Mesmo com os cabelões enormes e falando dos traços e defendendo o cabelo preto, demorei à beça. E naquela época era uma coisa meio modinha dizer “você não é”. E eu dizia, não me tire a única coisa que eu sei sobre mim, que eu sou preta”, pontuou ela. A fala da cantora gerou um debate sobre a importância de fazer uma classificação correta de cor dentro do grupo racial negro e como a identificação equivocada prejudica indicadores sociais e a aplicação assertiva de políticas públicas.
Durante o bate-papo, com Larissa Luz, Astrid Fontenelle, Gabriela Prioli e Bela Gil, a chef afirmou que demorou para se entender sua identidade racial. “Eu demorei para entender que eu era uma mulher preta. Quanto mais ter uma educação, uma visão e uma atitude antirracista.”, falou Bela Gil.
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Em resposta, Vanessa da Mata contou que também demorou para se entender dessa forma. “Mesmo com os cabelões enormes e falando dos traços e defendendo o cabelo preto, demorei à beça. Porque tinha um pai branco, de olho claro, que eu olhava e falava assim, ‘E ele?’. Era como se eu tivesse mandando ele embora e sendo filha só da minha mãe. E naquela época era uma coisa meio modinha dizer “você não é”. E eu dizia, não me tire a única coisa que eu sei sobre mim, que eu sou preta. Porque é tudo muito confuso. Eu dizia em casa: ‘Gente, a gente é preto, pelo amor de deus’.”, afirmou.
Nos comentários, a doutora em Estudos de Gênero, Mulheres e Feminismos da UFBA, Carla Akotirene pontuou a necessidade de entender a classificação racial de “pretos” e “pardos” e como a confusão causada por um entendimento errado pode prejudicar indicadores sociais: “Minhas irmãs, olha, vocês são mulheres negras. E não pretas!! Preta é subgrupo de cor que não sofreu miscigenação, dentro da Raça. Infelizmente precisamos reformular essas falas, pois que prejudicam os indicadores sociais e a coleta do quesito cor nos equipamentos públicos. Um beijo afetuoso.❤️”, disse. “Se fosse pra coletar a cor vocês seriam pardas/ Negras. Eu Carla, Preta/ Negra”, explicou ela.
A socióloga Sara Araujo publicou recentemente em suas redes sociais, uma postagem em que explica que as pessoas no Brasil confundem os termos. E afirmou que “há uma diferença gritante entre ser uma pessoa preta e negra”.
“Preta é o tom de pele, há uma porcentagem em torno de 13% de pessoas pretas no Brasil (que são invisibilizadas), para você ter uma ideia, essa porcentagem é basicamente o total da porcentagem de pessoas negras nos Estados Unidos da América. Portanto, há um percentual grande de pessoas pretas que vivem na invisibilidade das políticas públicas.”, explicou.
O que diz o IBGE?
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) adota uma classificação específica para o grupo de negros, dividindo-os em duas categorias: pretos e pardos.
Essa classificação é utilizada nas pesquisas e levantamentos populacionais realizados pelo IBGE, incluindo o censo demográfico. A separação em pretos e pardos tem o objetivo de captar a diversidade racial existente na população brasileira, considerando as diferentes tonalidades de pele e origens étnicas.
De acordo com o critério adotado pelo IBGE, as pessoas que se autodeclaram pretas são aquelas que têm a pele preta, com traços fenotípicos de afrodescendentes. Já as pessoas pardas são aquelas caracterizadas por uma mistura de características raciais, como negras, brancas e indígenas.
Essa diferenciação entre pretos e pardos é relevante para a análise e compreensão das desigualdades raciais no país, uma vez que permite identificar e quantificar a população negra de forma mais precisa.
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