Povo negro: da invisibilidade ao protagonismo

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Povo negro: da invisibilidade ao protagonismo
Foto: Claudio Gatti

Texto: Rachel Maia

Após a abolição da escravatura no Brasil em 13 de maio de 1888, nossos ancestrais enfrentaram inúmeros desafios, como a falta de políticas de inclusão, racismo estrutural e exclusão social. Ainda assim, ao longo do tempo, conquistaram importantes avanços em diversas áreas. E nós como frutos dessa resistência seguimos o legado dos que vieram antes de nós, ocupando com pertencimento cada lugar alcançado, abrindo portas e janelas para os que vêm depois.

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Ser o primeiro — e muitas vezes o único — em espaços de tomada de decisão não é fácil. Os julgamentos, os olhares desconfiados, as cobranças sempre estiveram lá. Mas nós sabemos: nossa missão é maior. Por isso, seguimos plantando tamareiras, mesmo sabendo que talvez não sejamos nós a colher os frutos mais doces. Pois a certeza de que as gerações futuras encontrarão sombra e um caminho mais justo, proporcional às lutas e conquistas de séculos, nos impulsiona continuar. 

Tudo que alcançamos até aqui mostra, para além da nossa dor, que somos capazes e que seguiremos lutando. A educação e o acesso ao ensino superior são exemplos do resultado da luta do povo negro. Um grande feito é a política de cotas, implementada oficialmente em 2012, que possibilitou o aumento significativo da presença de pessoas negras nas universidades federais.

A produção e crescimento da intelectualidade negra nas mídias, com nomes como Lélia Gonzalez, Abdias do Nascimento, Sueli Carneiro e tantos outros, que contribuíram com reflexões essenciais sobre racismo, cultura e identidade, são um marco no século XXI. Potencializando o nosso saber e levando para a sociedade debates contundentes. 

Assim como a Lei n° 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas, valorizando a contribuição do povo negro à formação do país. O Estatuto da Igualdade Racial (2010), que assegura a igualdade de oportunidades e combate a discriminação racial, também impulsiona os avanços da sociedade brasileira. 

Sabemos que estamos longe do cenário ideal, mas, identificar, nos veículos de grande mídia, uma representatividade significativa da sociedade é a prova que nossas lutas não são em vão e de que a diversidade de pessoas, culturas e saberes contribui para uma sociedade mais justa. 

Estamos percebendo o fortalecimento das manifestações culturais negras — samba, capoeira, candomblé, maracatu e outras expressões afro-brasileiras — como patrimônio cultural. A representatividade na mídia promove um debate discriminatório e possibilita desmistificar estereótipos atribuídos às pessoas negras, assim como aos povos originários. 

O conhecimento amplo ofertado à sociedade em sua totalidade permitirá que todos os indivíduos tenham seus direitos garantidos. E, assim sendo, a sociedade brasileira terá acesso a uma diversidade cultural ampla, que conduzirá o país de maneira orgânica e crescente a uma economia equilibrada.

O aumento da presença de pessoas negras em cargos políticos, nas mídias, na educação, em cargos executivos e na publicidade faz parte de uma luta histórica e necessária para que mais de 50% da população brasileira saia da invisibilidade. O pódio pode até ser o lugar de poucos, mas é certo que todos têm o direito de concorrer a ele. Estamos ainda mais próximos de chegar lá, mas sabemos que ainda há muito a fazer. 

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