‘Posso usar meus superpoderes para aprender mais’, diz menino de 7 anos, morador do Complexo da Maré, que completou curso oferecido pela Universidade de Harvard

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‘Posso usar meus superpoderes para aprender mais’, diz menino de 7 anos, morador do Complexo da Maré, que completou curso oferecido pela Universidade de Harvard
Foto: Reprodução/Instagram

Adriano Álvaro Melo, um menino de 7 anos, residente do Complexo da Maré, ou “Super Alvinho”, como ele é conhecido, criou seu próprio jogo, depois de completar um curso on-line oferecido pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. O menino de 7 anos possui altas habilidades.

Em seu jogo, narrado em inglês – idioma que aprendeu por meio de um aplicativo – ele conta a história de um cientista extraordinário. Álvaro expressa sua motivação: “Agora posso usar meus superpoderes para aprender mais. Quero construir robôs agrícolas e realizar pesquisas para melhorar a produção e distribuição de alimentos no mundo”, contou o menino em entrevista para o jornal O Globo. Seu interesse pela agricultura despertou durante uma visita aos familiares em Santana do Manhuaçu (MG).

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“Quando eu crescer, quero trabalhar tanto com agronomia quanto com robótica. A combinação dos dois pode acabar com a fome. Passar fome deve ser horrível”, compartilha Álvaro, convicto de sua missão.

Ele já acumulou 41 certificados, incluindo seis cursos agrícolas do Sebrae. Um desses cursos, com duração de 32 horas, foca no “jovem empreendedor no campo”. Seu tempo é dividido entre a programação, inglês, xadrez e robótica. Recentemente, Álvaro fez sua estreia como palestrante na Universidade Federal Fluminense (UFF), compartilhando sua inspiradora jornada durante um evento sobre Pedagogia Social.

Embora o curso de Harvard seja gratuito, o certificado de conclusão tem um custo de U$ 299, aproximadamente R$ 1,5 mil. Diante das dificuldades financeiras, Álvaro recebeu uma bolsa do programa de assistência da instituição, destinado a alunos de baixa renda. Para conquistar essa oportunidade, o jovem precisou explicar em inglês a situação financeira de sua família e como o curso contribuiria para seus objetivos de vida.

O curso, ministrado inteiramente em inglês e com duração de três semanas, não possui uma idade mínima obrigatória, embora seja recomendado para crianças com mais de 8 anos.

A mãe de Álvaro, Priscilla de Melo, bióloga, recorda que a suspeita de sua habilidade incomum para aprendizado surgiu quando ele tinha apenas 3 anos. Ele mesmo quis entrar em uma creche. Durante a pandemia, aos 4 anos, a criança começou a ler e escrever com a ajuda do aplicativo GraphoGame, do MEC, indicado para crianças do 1º e 2º anos do ensino fundamental.

“Percebemos que ele realmente possuía um nível de aprendizado fora do comum para sua idade e decidimos fazer um teste de altas habilidades. Na época, precisei fazer uma vaquinha porque custou R$ 3 mil, e eu não tinha condições de pagar”, explica Priscilla.

Álvaro frequenta uma escola evangélica três vezes por semana, participa de um projeto de xadrez para crianças e está matriculado em uma turma de robótica da UFRJ. Além disso, este ano, ele ingressou em um curso particular de inglês. Sem um ensino formal tradicional, ele estuda em casa usando um notebook. Ele escreveu o próprio livro sobre sua metodologia de estudos: “Disciplina única: conhecimento de mundo”.

“Procuramos soluções, mas todas as instituições educacionais que nos indicaram estavam incompletas, sempre faltava algo. Queriam oferecer uma alfabetização tradicional, enquanto meu filho precisava de recursos adicionais. Cheguei a ouvir comentários racistas. Questionaram várias vezes o teste de altas habilidades que fizemos, alegando que ele não se encaixava no perfil de uma criança com esse diagnóstico. Qual seria esse perfil? Uma criança branca? Por isso, optei por ele ingressar, por exemplo, na UFRJ em um curso destinado a adolescentes de 14 anos. Foi uma exceção. Além disso, organizo diariamente suas tarefas e reviso cada uma delas”, desabafa Priscilla.

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