A segunda temporada da série ‘Irmandade’ já está disponível na Netflix. Ambientado na cidade de São Paulo dos anos 90, o thriller conta a história de Cristina (Naruna Costa), uma advogada honesta e dedicada que descobre que seu irmão Edson está preso e lidera uma facção criminosa em ascensão – conhecida como ‘Irmandade’. Ela é forçada pela polícia a virar informante e a trabalhar contra o irmão, que não vê há anos. Ao MUNDO NEGRO, Naruna Costa conta detalhes sobre a nova temporada da série. “O público deve esperar muita ação. A temporada está eletrizante. Mostra os desdobramentos da facção unindo entretenimento com um debate social imprescindível no Brasil“, diz a atriz. “Haverá muitas surpresas sim. Com um roteiro bem mais direto, as personagens estão com muito mais profundidade. A Cristina ganha muita força nesta temporada e sua relação com Darlene, Edson e Marcel é de tirar o fôlego“.
Ao se infiltrar na Irmandade, numa missão arriscada e perigosa, Cristina entra em contato com seu lado mais sombrio, e começa a questionar suas próprias noções de Justiça. Na segunda temporada, após um plano bem sucedido que coloca a Irmandade em todos os jornais, Cristina vai experimentar o poder pela primeira vez. No entanto, ela terá que arcar com as consequências de suas escolhas e provar sua lealdade ao irmão Edson (Seu Jorge), enquanto ele se torna cada vez mais autoritário e violento.
Notícias Relacionadas
Juliana Alves reflete sobre 21 anos de carreira: "Conquistei respeito e reconhecimento que não tinha antes"
"Aos 50, quem me aguenta?", Edvana Carvalho fala sobre negritude, maturidade e o empoderamento feminino em seu primeiro solo no teatro
MUNDO NEGRO: Estamos vivendo um ano eleitoral, como a política será trabalhada na nova fase de ‘Irmandade’?
Naruna Costa: A segunda temporada mostra muito a imoralidade da relação das autoridades públicas com as facções criminosas. Chantagens, corrupções e abusos de poder que desembocam numa inevitável ação fora do presídio. Fora, a violenta consequência disso tudo dentro do sistema carcerário.
As noções de justiça da personagem Cristina serão abaladas nesta nova temporada, você acredita que isso reflete, de alguma forma, o Brasil que vivemos hoje?
A Cristina definitivamente assume uma posição nesta temporada. Ela vira Irmandade ao compreender que a justiça no Brasil não é igual para todos. Ressignifica os conceitos sobre o que é “o certo” e toma partido.
Acho isso muito simbólico, pensando no Brasil e, mais explicitamente, no Brasil de hoje. Um país que tem mais tempo de sistema escravocrata do que de democracia, ainda tem muitas práticas que refletem a colonização e mantém de pé a estrutura racista que violenta e extermina sua própria população.
O sistema carcerário ainda é um espelho dos navios negreiros.
Em uma sociedade livre e justa, um cidadão comum jamais seria considerado “suspeito” única e exclusivamente pelo tom da sua pele. Estando exposto, cotidianamente à violência de seu corpo, ao isolamento de sua comunidade ou, invariavelmente, à morte cruel e explícita, realizada em frente a sua casa, por um vizinho qualquer, ou dentro de um presídio, ou indo comprar pão.
Você acha que podemos esperar uma terceira temporada?
Acho que temos fôlego sim para outras temporadas. É um assunto relevante, que rende muito no Brasil e fora dele. Porém, é só uma especulação. Ainda não sabemos se teremos continuidade. Tudo depende da resposta do público.
O que posso adiantar é que a segunda temporada está perfeita. Ouso dizer que está ainda melhor que a primeira. As atuações são impecáveis, com uma ótima produção e roteiro muito certeiro, que vale muito a pena conferir.
Notícias Recentes
‘Quem, além de Beyoncé, poderia fazer esse tipo de espetáculo?’, diz The New York Times sobre show de intervalo da NFL
Retrospectiva 2024: os avanços do povo negro no Brasil