Dois policiais militares foram afastados da corporação de São Paulo nesta quarta-feira (7), após repercussão do vídeo, divulgado pelo padre Julio Lancelloti. Eles aparecem carregando um homem negro com as mãos e os pés amarrados. “Abordagem da PM com um irmão em situação de rua na UPA Vila Mariana. A escravidão foi abolida?”, questionou o religioso.

O caso ocorreu na madrugada de segunda-feira (5), após o homem ser apontado como suspeito de furtar duas caixas de bombons de um mercado na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, avaliado em R$ 30.

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Entidades de defesa dos direitos humanos divulgaram hoje uma nota de repúdio contra a ação dos PMs. Eles afirmam que irão processar o estado de São Paulo por ato de tortura e pedir indenização de R$ 500 milhões, valor que será integralmente revertido em favor da população vulnerabilizada. A Educafro Brasil, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos Pe. Ezequiel Ramin, a Pastoral de Rua da Arquidiocese São Paulo e o Observatório da Aporofobia Dom Pedro Casaldáliga, assinam o manifesto. 

“Este irmão negro, ao roubar algo de um supermercado para saciar sua fome ou comprar drogas, merecia ser violentamente torturado?”, critica Fred David Santos, diretor-executivo da Educafro.

O grupo também pede a volta da utilização de câmeras corporais por todos os policiais durante suas atividades, a revisão do manual de uso da força da Polícia Militar com participação popular e a criação de conselhos e ouvidorias comunitárias para monitorar as atividades dos policiais, entre outras medidas.

A ação contra o suspeito Robson Rodrigues Francisco, 32, foi filmada por uma testemunha dentro da Unidade de Pronto Atendimento. De acordo com o Metrópoles, a testemunha também foi levada para a delegacia, por gravar o momento da violência. Segundo o autor do vídeo, os policiais tentaram intimidá-lo e pediram documentos.

Em nota, a Polícia relata que foi aberta uma investigação para apurar a conduta dos agentes, e diz que as imagens mostram um comportamento “em desacordo com os procedimentos operacionais padrão da instituição”.

O furto no mercado

Um funcionário do mercado OXXO disse à polícia, que o homem carregado pelos PMs e outros dois ainda não identificados, fizeram um “arrastão” por volta das 2h30 da segunda-feira. Segundo ele, entre os produtos furtados, a mercadoria está avaliada em R$ 500. Ele afirma que o Robson já cometeu outros furtos e suspeitou da ação, então acionou o botão do pânico e foi para o lado de fora.

O rapaz indicou as vestimentas e o sentido para qual os suspeitos teriam ido para os agentes, e o suspeito foi encontrado com duas caixas de bombons, em uma rua próxima do ocorrido.

Segundo a declaração dos PMs, o suspeito “informalmente” confessou o crime. “[Ele] estava bastante alterado e em nenhum momento acatou a ordem dos policiais, sendo necessário o uso da força para algemá-lo”, relata o BO.

Os agentes também disseram que foi “necessário” uso de uma corda, pois, o suspeito “continuou resistindo” e solicitaram apoio de outra viatura. No BO, os policiais afirmam que Robson teria ameaçado sair correndo e que “pegaria a arma dos policiais e daria vários tiros” neles. Outros dois suspeitos também foram detidos.

Fonte: Metrópoles

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