Um grupo de três amigos foi no último sábado (23), ao NAU Cidades (Núcleo de Ativação Urbana) no Rio de Janeiro, onde foi relaizado o ‘Baile Urucum’ com show da Karol Conká, BATEKOO, ÀTTØØXXÁ e RDD, mas desistiram de ficar no local quando foram obrigados a adquirir um copo, cada um, para consumo de bebidas.
De acordo com o boletim de ocorrência, na saída do estabelecimento, a Priscila Salgado, 29, relatou a arbitrariedade do agente de segurança, um homem branco: “Abre a bolsa, pega o celular, desbloqueia pra saber se é seu ou se é roubado”, ela ouviu.
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Mesmo sem nenhuma notícia de roubo ou furto na festa naquele momento, o segurança impediu a saída da Priscila e dos amigos Alayê Mira, 27 e Milena Raquel, 23, a menos que eles provassem que eram donos dos celulares que portavam.
Se recusando a serem colocados numa posição de bandidos e mostrarem os celulares, o chefe de segurança foi chamado e disse aos gritos que abordagem era legal e que a obrigação estava escrita no ingresso do evento. Mas isso não constava no documento.
Os três logo perceberam a diferença de comportamento do chefe de segurança com eles, negros retintos e com outras pessoas brancas. Segundo os três, ele trava pessoas brancas com respeito e cordialidade, enquanto eles já foram colocados numa condição de criminosos, causando desconfiança.
“Não falo mais com vocês e vou chamar a viatura pra tirar vocês daqui”. “Mas sem desbloquear o celular vocês não saem daqui”, disse o chefe de segurança logo após apontá-los para pessoas brancas no local, para informar que havia casos de furtos no Núcleo.
Sendo vigiados o tempo inteiro, um dos seguranças apontou o dedo na cara da Priscila, os acusando de estarem “acostumados a sair com a polícia”. “Se não deve é só abrir a bolsa e desbloquear o celular”, completou o segurança.
Na 4º Delegacia da Polícia Militar, os amigos relatam ainda mais falta de respeito, pela negativa do Delegado de deixarem eles registrarem um boletim por sofrerem racismo institucional e serem impedidos de sair da festa, alegando que o caso não merecia investigação.
O advogado Bruno Cândido, que tentou realizar o boletim na delegacia, manifestou sua indignação com o caso: “Esse não é o primeiro e nem último evento ‘nosso’ vendido para pessoas que não vem de onde a gente vem, nem se parecem com a gente. E, os episódios de violência racial são produzidos nos ‘nossos’ espaços, e passou da hora de falar sobre isso”.
Depois de uma noite conturbada, as vítimas registraram o boletim na Delegacia de Crimes Raciais e de Intolerância só nesta sexta-feira (29), porque segundo o advogado, Priscila adoeceu depos do ocorrido, “teve que tomar remédio controlado e ficar de repouso”.
Posicionamento do NAU Cidades
Nesta semana, o NAU publicou uma nota de posicionamento nas redes, afirmando tudo o que ocorreu no baile com a justificava de melhorar a segurança do local: “A solução foi amplamente elogiada por frequentadores, visto que foi constatada uma diminuição considerável do número de extravios de bens”, diz um trecho.
Ao negar que tenha sido uma atitude racista, apesar do contexto histórico do país, complemetam: “Estamos abertos ao diálogo com todos os envolvidos e, neste momento, gostaríamos de convidar a BATEKOO, uma das maiores referências em fomento da cultura negra no Brasil, para se juntar a nós a fim de aprimorarmos o nosso processo de atuação”. Confira o texto na íntegra.
Posicionamento do BATEKOO
Apesar do convite da NAU à BATEKOO, a equipe do baile também manifestou a indignação com a segurança do local por um story. “Uma prática ineficaz e ilegal que nem nós que estávamos nos apresentando no evento ficamos isentos”.
Uma senhora negra, convidada pela equipe, também foi impedida de sair do evento porque seu celular estava descarregado. “Uma retaliação truculenta e violenta dos seguranças ao insistir ir embora, e acabou perdendo seu veículo de retorno a casa”, diz um trecho da nota.
Como a BATEKOO não estava produzindo o evento, eles tentaram intervir esta situação e, neste momento, um dos membros da equipe teve o celular furtado.
Outros casos de constrangimento e desrespeito chegaram ao conhecimento do grupo, pelos mesmos motivos e negam apoio a este tipo de conduta com o público.
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