O Alzheimer é uma doença progressiva que afeta a memória e outras funções mentais importantes, tornando difícil tarefas que antes eram fáceis, como realizar um pequeno percurso sem se perder ou administrar as contas do mês.
A Dra Thais Ferreira, neurologista pela UFF (Universidade Federal Fluminense), explica que a doença tem como principal fator de risco, a idade. No entanto, existem algumas outras questões que podem tornar mais fácil o seu surgimento. São elas: baixa escolaridade, diabete, hipertensão, sedentarismo, tabagismo e problemas com saúde mental.
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De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa), 7 em cada 10 pessoas com demência têm alzheimer, a maioria deles, negros. Isso acontece por que a população negra encontra-se em maior vulnerabilidade para os fatores de risco da doença. Vejamos:
A escolaridade média da população negra, é 1.3 ano menor do que a da população branca. No ensino médio, considerando jovens de até 19 anos, cerca de 58,3% dos alunos pretos conseguem concluir o curso -contra 75% dos alunos brancos. Isso, por que os alunos negros precisam parar de ir a aula para ajudar a família em casa, trabalhando. Acontece que estudar é como ”exercitar o cérebro”, o estimulando e assim fornecendo um reservatório de neurônios capazes de combater os efeitos do alzheimer. Entretanto, essa não é uma tarefa fácil para a população preta e parda, que logo no ensino fundamental tem acesso a escolas menos capacitadas e são de famílias em situação de vulnerabilidade social, não tendo condições com alguns gastos, por exemplo. Coisas assim, facilitam a reprovação do estudante e consequentemente levam a desistência do mesmo.
Além desse fator, estudos da Universidade Australiana de Queensland, UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) apontam que pessoas com alzheimer também tem mais chances de receber diagnósticos de diabete, depressão, Parkinson e AVC. É sabido, que o diabetes atinge os homens negros 9% a mais do que aos homens brancos. Entre as mulheres, as negras correm 50% a mais de risco de desenvolver a doença, em relação ás brancas. Também se sabe que doenças mentais tem uma influencia grande em casos de demência, e aqui podemos citar outro dado relevante: A Chance de um jovem negro cometer suicídio é 45% maior que a de um jovem branco. Logo, entendemos qual grupo sofre mais com essa questão, não é mesmo? O motivo, em grande parte se dá ao racismo, violência urbana, subemprego ou desemprego, acesso precário ao saneamento básico e etc.
Entre 2019 e 2020, a quantidade de pacientes negros que faleceram por demências aumentou 65%, enquanto o número subiu somente 9% para os brancos. Quando o diagnostico do Alzheimer chega, existem dois meios que se pode seguir: O medicamentoso, que impede que a doença evolua, e não medicamentoso, que funciona como uma tentativa de estimular o cérebro por meio de atividades como jogos, quebra-cabeças, caça-palavras, palavras-cruzadas e é claro, acompanhamento psicológico.
Portanto é importante frisar que o Alzheimer só é mais suscetível às pessoas negras por motivos político sociais, e não por questões biológicas ou qualquer coisa do tipo.
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